Depois de fracassar no combate a COVID 19, Caiado passa desgaste para Prefeitos.

Várias vezes escrevi que o combate ao coronavirus por parte do Governador Ronaldo Caiado começou e terminou errado. O governador foi afoito e decretou o isolamento social em 15 de março,  quando não havia nenhuma morte por conta do vírus, que só começou a fazer vitimas no mês de abril.  Foram mais de 15 dias apostando mais na sorte do que propriamente investindo em medicamentos, leitos, respiradores ou seja, equipar o sistema de saúde. Tudo o que hoje o governo tenta comprar não há mais à venda.

A única ação foi a compra de máscaras superfaturadas. Fora isto mais nada aconteceu. O hospital de campanha, que já estava pronto há  semanas, só foi aberto há poucos dias. A testagem também foi outro fracasso do Governador.

Como decretou o isolamento muito cedo, muita gente ficou em casa e não viu ninguém morrer no estado. O temor veio de outros estados. Passados três meses com a indústria, comercio e outros setores parados surgiu a cobrança da abertura,  justamente no pior momento, quando a taxa de isolamento não passou de 40%, ou seja: ninguém mais aguentava a angustia de ver empregos perdidos, empresas falindo entre outros.

Diante da pressão, com mais de 60 mortos em apenas um mês e o numero de infectados subindo subitamente, Caiado passou para as mãos dos prefeitos o desgaste de conduzir o processo de tratamento dos infectados.

Mas antes foi derrotado pelos donos das empresas de transporte que contribuíram, em muito, com a disseminação do vírus. Num primeiro momento Caiado tentou fazer com que os empresários “não permitissem” lotação nos coletivos. Faltou  braço firme para determinar que as empresas operassem com toda a frota respeitando o máximo de 40 passageiros por ônibus ou todos os bancos ocupados.  

Derrotado, principalmente  pela população e pelo setor produtivo goiano, Caiado chamou todos os prefeitos e disse à eles da decisão do STF de que compete aos prefeitos as decisões nos municípios. Só que em 2018 os ministros do supremo já tinham decidido pelo comando dos prefeitos nos municípios.

Enquanto dava mídia Caiado tentou conduzir o processo. Bastou a falência do sistema de saúde para, espertamente, Caiado entregar a pior parte para os prefeitos.

Hoje grande parte da população consideram  as pessoas que não usavam mascaras responsáveis pela transmissão do virus. Mas há de se dizer que em alguns hospitais administrados pelo Estado, médicos, enfermeiros e mais toda a equipe também não tinham mascaras, tanto assim que houve um decreto, após declarar estado de calamidade publica, para comprar as primeiros mascaras pagando três vezes mais o valor do mesmo produto em outras fábricas, conforme denunciou em primeira mão o Jornal Argumento. Caiado deveria ter exigido o uso das mascaras logo quando decretou o distanciamento social. Se o fizesse não haveria um aumento tão  assustador no numero de pessoas contaminadas.

Agora, nas mãos dos prefeitos, o uso de mascaras se tornou obrigatório, inclusive com multa para quem não cumprir o decreto. Ou seja, Caiado certamente dirá na próxima campanha eleitoral, se lá chegar, que cumpriu com a promessa de não criar impostos. Irá dizer que foram os municípios que criaram a tal cobrança.

Não sou contra o uso das mascaras, mas de forma correta, o que o pobre não consegue fazer. Como quem ganha um salario mínimo terá dinheiro para comprar mascaras que devem ser trocadas no máximo ha quatro horas? Como comprara  álcool 70% e luvas? Deixará de comprar leite para os filhos em troca destes insumos?

Um cidadão que ganha pouco mais de R$ 1 mil reais por mês definitivamente não  conseguirá pagar uma multa que certamente enviará o nome dele para a situação de inadimplentes – não pagadores –  para as empresas de proteção de créditos? Quando um trabalhador terá um carro para brincar de “draivin” para fazer o teste?  

Eu já havia escrito também que tudo o que começa errado a chance de conserto é mínima e não está acontecendo. A falta de uti´s não é novidade, sempre houve mais pacientes que leitos de uti´s,  e são corriqueiros  os pedidos judiciais  de vagas.

Conversando com vários médicos, com formação em diferentes  especialidades,   todos afirmaram que ainda não chegamos no momento da curva de contaminações e  mortes. São categóricos ao afirmar que ainda haverá muito mais transmissões.

E o governador não ouviu os cientistas da UFG para decretar o isolamento social em março. Já antes de passar o problema para os prefeitos, não ouviu os mesmos cientistas que esticaram o isolamento.

Na verdade muito mais que a metade da população  usa a mascara mais como um lenço de pescoço que propriamente para proteção. No transporte coletivo estando com mascara,  mesmo molhada e suja,  pode se espremer dentro dos ônibus.

Pela milésima vez o estado se mostra totalmente despreparado para proteger o cidadão,  mas  muito eficiente na cobrança de impostos.   Isto ficou claro com a ação inicial do Governador Caiado e muito ruim para os prefeitos que terão que assumir o erro. Para os municípios Caiado agora é a salvação e não o problema.