Tragédias
Dale Molé, ex-diretor de medicina submarina e saúde de radiação da Marinha dos Estados Unidos, esclarece que as mortes provavelmente foram instantâneas e indolores, uma vez que a estrutura do submarino não resistiu à pressão externa extrema, cerca de 400 vezes superior à encontrada ao nível do mar.
Segundo o especialista, o desfecho foi tão repentino que os tripulantes não teriam sequer percebido a existência de um problema ou o que estava acontecendo com eles. É como estar aqui um minuto e, no próximo milissegundo, ter a vida subitamente interrompida. Essa é a dura realidade, conforme relatado ao jornal britânico DailyMail.
Uma implosão é, essencialmente, o oposto de uma explosão. Ao invés da pressão se movimentar de dentro para fora, ela adentra a estrutura. Assim como ocorreria em uma explosão, é improvável que reste muito da embarcação e do que estava contido em seu interior após o evento. Dessa forma, os corpos dos tripulantes foram destruídos pela alta pressão decorrente da implosão.
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Ainda não há clareza sobre o exato momento em que ocorreu a implosão desde o desaparecimento do submersível no último domingo, nem se os tripulantes morreram no instante da implosão ou anteriormente. Contudo, é certo que sobreviver a tal experiência seria impossível. Conforme observado pelo especialista, eles teriam sido despedaçados.
Dale Molé destaca que a câmara onde os ocupantes residiam, conhecida como casco de pressão, parece ter cedido de uma vez, geralmente ocorrendo assim. De acordo com sua avaliação, a implosão resultou da ruptura do cilindro de fibra de carbono. Essa explicação é corroborada por Nicolai Roterman, ecologista de águas profundas da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, que afirma que uma única falha na estrutura do submersível naquela profundidade seria suficiente para que a embarcação cedesse imediatamente e os tripulantes perecessem, sendo engolidos pelo oceano em um instante.
Além disso, falhas no sistema de oxigenação podem ter levado os passageiros a chegar ao momento da implosão já sofrendo os efeitos da narcose de nitrogênio, também conhecida como embriaguez das profundezas. A partir de 30 metros de profundidade, é necessário um suporte respiratório específico que mistura oxigênio diluído em gás hélio. Quando esse sistema não funciona adequadamente, o aumento de nitrogênio no organismo provoca sintomas semelhantes à intoxicação alcoólica, tais como problemas de raciocínio, desorientação e, até mesmo, euforia.
Nessa trágica história submarina, o destino dos corpos humanos é marcado pela implosão devastadora nas profundezas oceânicas, onde a pressão exerce seu poder avassalador. Uma jornada que, infelizmente, teve um desfecho trágico para os tripulantes do submersível Titan.