O primeiro debate, do segundo turno da eleição para prefeito, realizado pela TV Record, na noite deste sábado (19/10) entre Sandro Mabel e Fred Rodrigues foi marcado pela recorrente redundância de Sandro Mabel, ao dizer que é gestor há mais de 52 anos. Fred Rodrigues na defensiva, longe do Fred Rodrigues que foi protagonista nos debates do primeiro turno, dizendo que Mabel, se ganhar, não vai ter poder de prefeito pois vai entregar o comando da capital para os partidos que o apoiam e que são os mesmos que estão e estiveram na administração de Rogério Cruz, que “acabou com a cidade.”
O debate que determinava tempos de um minuto para a formulação das perguntas, dois minutos e meio para a resposta, um minuto para replica e mais um minuto para tréplica foram usados, quase que na totalidade, para ataques dos candidatos, mesmo na parte onde candidatos deveriam apresentar propostas para os temas propostos pela emissora.
Na primeira fala, repetida durante todo o debate, Sandro Mabel se dirigiu exclusivamente às mulheres. Também falou exaustivamente dos 52 anos de gestor; e por incontáveis vezes disse que Fred nunca administrou nada, nem a casa dele, e que, por isto, caso eleito, faria Goiânia ficar muito pior do que está. Já Fred Rodrigues apegou-se ao loteamento da prefeitura, caso Mabel seja eleito, entre os 12 partidos que apoiam Mabel no segundo turno , inclusive dizendo que Mabel fez parte do partido do atual prefeito e que “pulou do barco” e mudou de partido. Falou também que, a exemplo de Rogerio Cruz, Mabel não terá autonomia para administrar Goiânia.
As motos
Ambos debatedores perderam muito tempo sobre a discussão do espaço onde as motos vão transitar. Mabel disse que os motociclistas passariam a ocupar o mesmo espaço dos ônibus, nas vias exclusivas. Fred Rodrigues insistiu que irá criar uma faixa exclusiva para o trafego das motos.
Mabel alegou que as ruas da capital são muito estreitas para destinar uma faixa exclusiva para os motociclistas, inclusive alegando que “mediu as ruas” e que elas tinham em média seis metros e que se criasse uma pista exclusiva para motos não sobraria espaço para os automóveis e ônibus. Falou também que visitou várias capitais, no Brasil e em outros países, onde foram criadas pistas exclusivas para motos, afirmando que as ruas tinham mais de dez metros de largura. Fred, usando um parecer de um engenheiro de trafego, alertou que iria aumentar em muito as mortes de motociclistas, se ocupassem também as pistas exclusivas para os coletivos, já que os ônibus tem “pontos cegos”, muito maiores que os carros, o que não permitiria enxergar as motos. Total perca de tempo.
Foi um debate enfadonho e cansativo. Alguns trechos se salvaram pelo tom de humor, por exemplo, quando Mabel disse, com um sorriso irônico, que Fred Rodrigues não acordava cedo, que era preguiçoso e que passava a maior parte do dia jogando vídeo game e que sobrevivia de uma contribuição que a assembleia lhe dava, depois de cassado.
O Diploma
Mabel também questionou a formação acadêmica de Fred, que sempre dizia ser formado em direito. Mabel pediu para Fred mostrar o diploma de formatura. Então Fred pediu para que colocassem nas redes sociais que acompanhavam o debate, mas Mabel disse que, nas redes sociais do Bolsonarista não aparecia o diploma e insistiu que fosse mostrado. Chamou Fred de mentiroso, enganador e preguiçoso.
Faltaram propostas e sobraram acusações das partes. Mabel disse que leu as propostas registradas no TRE e alfinetou o adversário dizendo que nas 72 paginas do programa de governo de Fred a palavra “mulher” aparecia apenas duas vezes, enquanto que no programa de Mabel aparecia 55 vezes.
Já Fred disse que entregou para a esposa dele os cuidados com as mulheres, momento em que Mabel insistiu no fato de que Fred disse ser solteiro no registro junto ao TRE e ter uma “esposa, inclusive com filhos.” Em tom de vitima, Fred pediu que este assunto não fosse abordado por ter respeitado a esposa dos candidatos e não queria que a dele fosse tema sobre administração.
Em resumo: foi um debate sem ideias, sem projetos e sem soluções para a necessidade do eleitor que quer uma cidade com a participação do poder publico nos graves problemas que afetam o dia-a-dia da comunidade. Quem esperava um debate de alto nível, perdeu tempo.
Continuamos na difícil tarefa de escolher o menos pior.