Artigo: Como ficará a direita sem o Capitão

Na ultima sexta feira, (30),  por maioria de votos (5 a 2), o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou a inelegibilidade do ex-presidente da República Jair Bolsonaro por oito anos, contados a partir das Eleições 2022. Ficou reconhecida a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros no dia 18 de julho do ano passado.

 

A decisão do TSE foi um duro golpe para Bolsonaro, que tinha 15% das intensões  de votos, mas ficará fora da  próxima eleição para presidente da republica, em 2026. Também  pode provocar incertezas de como será o futuro dos partidos de direita, até então comandados pelo  bloco bolsonarista. Sem Bolsonaro abre-se espaço para que outros partidos indiquem nomes  para disputar, certamente, com o atual presidente  Lula.

 

Uma certeza é incontestável: “a direita não morreu”, frase pronunciada por Bolsonaro na primeira entrevista concedida após a decisão do TSE. Mas como se comportará a direita é um grande dilema. Bolsonaro comanda a direita bolsonarista, conservadora,  e também a direita ultra radical, que pode sofrer uma fissura já que o posto de candidato está vago. Possíveis nomes,  que antes apoiavam o ex-presidente, hoje já são considerados  pré-candidatos a presidente da republica.

Por motivos distintos, três nomes vem sendo comumente citados por correligionários de Bolsonaro como possíveis sucessores no campo da direita: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL); o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Correm por fora ainda a ex-ministra da Agricultura, hoje senadora, Tereza Cristina (PP-MS); e o governador do Paraná, Ratinho Júnior.

 

Uma eventual candidatura à Presidência da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que desempenhou papel central na campanha do marido em 2022, agrada o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Michelle é considerada um nome capaz de fidelizar o eleitorado evangélico e ampliar o apelo do bolsonarismo entre as mulheres, que apresentavam maiores índices de rejeição a Bolsonaro na última campanha, segundo pesquisas eleitorais.

Michelle assumiu neste ano a presidência do PL Mulher, braço do partido voltado ao público feminino, e tem percorrido o país com o objetivo de angariar novas filiações, além de testar o discurso político.

O ex-presidente, porém, tem desencorajado publicamente a ideia de uma candidatura presidencial de Michelle, argumentando que falta “experiência” política à ex-primeira-dama. Correligionários de Bolsonaro avaliam que há receio de deixar integrantes da família “na vitrine”, sujeitos a escrutínio do público e a ataques de adversários políticos, e que por isso o ex-presidente colocou o pé no freio de candidaturas de parentes ao Executivo.

Por raciocínio semelhante, argumentam esses aliados, Bolsonaro orientou Flávio, seu filho mais velho e senador, a recuar de uma candidatura que vinha sendo articulada à prefeitura do Rio em 2024.

O grande teste pode acontecer  já nas eleições para prefeitos, em 2024. Apoiadores de Bolsonaro, que ainda acreditam na anulação da sentença do TSE pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apostam que o ex-presidente será um forte cabo eleitoral e continuará a manter a direita unida.

“Dependendo dos resultados nas eleições municipais, a direita terá que se reinventar, pois apenas no discurso dificilmente terá condições de chegar unida a eleição de 2026”, diz um cientista politico ao Jornal Argumento. Ele também destaca o fator financeiro: “o partido de Bolsonaro é o maior partido no congresso, e isto representa milhões de reais, vindos do fundo eleitoral.” Destaca também.

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