Toda ação dos poderes no Brasil é resultado de tragédias. Sem que haja mortes em grande escala, tudo não passa de um acaso. Gestores atropelam tudo para resolver um problema anunciado, e ainda se posam como se heróis fossem. Convocam as forças de saúde, segurança e ainda pedem para que a população ajude.
Indignado acompanhei o calvário dos moradores do Amazonas, que por falta de oxigênio, morreram várias pessoas de asfixia. É isto mesmo, morreram como se pendurados em cordas amarradas aos pescoços, sofrendo até o ultimo segundo de ar que conseguiram respirar. Algo inaceitável, injustificável, maldoso, tirano, desumano. Morrer por falta de oxigênio? Até hoje insisto em não acreditar, mesmo sabendo que ocorreu.
Lembro-me de Sarney dizer que a “Amazônia é o pulmão do mundo.” Bela frase, mas destoa da realidade.
Alguém tem que ser culpado por estas mortes, afinal o oxigênio não acabou de uma vez. Com certeza hospitais e clinicas devem ter comunicado a escassez do importantíssimo e vital “salva vidas” aos órgãos (im) competentes. A tragédia foi construída aos poucos e quem deveria evitava-las simplesmente postergou ou não teve interesse em repor o oxigênio nos centros de saúde.
Seja culpa do ministro da saúde Biônico, mais parecido com um papagaio de pirata e que só manda naquilo que o Presidente autoriza, seja na secretaria de saúde do Amazonas ou nas prefeituras, principalmente Manaus, alguém tem que ser indiciado pelas mortes ocorridas. É preciso cobrar rigorosamente onde foi o erro ou desleixo da situação. Punir com o rigores da lei, em no mínimo, Homicídio culposo, com agravantes de “não dar chance as vitimas de se defenderem.”
Ao vir esta situação me lembro de uma ocorrida em Goiânia em fevereiro de 2005, onde invasores de uma área no Parque Oeste Industrial entraram em confronto com a policia militar, para o cumprimento de uma ordem judicial de reintegração de posse.
Na data, o Juiz responsável pelo caso, comunicou por duas vezes ao Ex-Prefeito Pedro Wilson e também ao Governador Marconi Perillo para que providenciassem um novo local para abrigar as famílias. Passou o tempo e nada foi feito, então a justiça determinou a desocupação da área imediata. Moradores se armaram com pedras, paus, machados e até arma de fogo para o enfrentamento com a tropa de choque da policia militar.
Estava acompanhando no local e presenciei cenas impossíveis de serem apagadas de minha memoria: crianças correndo e chorando em desespero, sem saber o que estava acontecendo. Moradores atirando pedras e a policia revidando com bombas de efeito moral, de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha.
No outro dia disse no programa que “Pedro Wilson e Marconi Perillo deveriam sentar no banco dos réus, no lugar dos militares que foram obrigados a cumprir ordem judicial.”
No Amazonas, mais uma vez o Estado falhou e foi responsável pela cruel morte de quase duas dezenas de pessoas por falta de oxigênio.
Tenho a convicção de que em breve este lamentável fato será pagina virada, assim como as casas que deslizam em morros e matam pessoas, pois o Estado não se antecipou e mesmo sabendo que poderia acontecer tragédias, nada fez além de esperar as primeiras mortes. Afinal no Brasil é assim: para os poderes agirem são necessárias tragédias com vitimas fatais. Uma maldade para um povo que já tem muitos motivos para temer e sofrer!