É a distopia do Brasil de 2019.

As vacinas são contestadas cada vez mais. O ressurgimento do sarampo, com força total, é mera coincidência.

Nas ruas do Brasil, não há gente pobre passando fome. Ninguém com físico esquelético. 

O frio do inverno demonstra a falácia do aquecimento global. Pânico desnecessário dos ambientalistas.

Aliás, o desmatamento que disparou neste mês, conforme medições por satélite, também é uma fake news. “Pelo nosso sentimento, isso não corresponde à verdade”, afirma o presidente da República.

O Instagram remove o botão “like” com claro intuito de barrar o crescimento de quem pensa de forma independente.

Uma renomada jornalista, que denunciou ter sido torturada na ditadura militar, inventou os abusos. Na verdade, ela ia para a luta armada e por isso foi presa.

Cada cena acima se torna uma notícia de zap e viaja na velocidade do impulso e da convicção de quem acredita no que dizem família, amigos, políticos.

A imprensa, golpista ou comunista, é colocada em xeque. Os formadores de opinião de hoje são os mitos, os influencers. Credibilidade se conta com número de seguidores e frases de impacto. 

Com o jornalismo em baixa e as novas formas de relacionamento engendradas pelas redes sociais, a busca pela verdade fica em segundo plano.

Importam menos os fatos, os dados, a ciência. Interessam mais as opiniões, as emoções, a narrativa.

Numa sociedade da pós-verdade, a mentira vira método de governo.

Mente-se para lacrar, para distrair, para confundir.

“O governo está sendo perseguido pela TV Globo, pela imprensa. Olha lá mais um editorial contra o presidente, agora por conta das mentiras daquela jornalista…”

“Que exagero a fome, o aquecimento global, o desmatamento. O governo diz que as ONGs mentem.”

A conspiração deixa de ser teoria e vai para a prática. No dia a dia, os grupos de zap passam a questionar números, referências e instituições. Com base na falta de base.

″É tudo mentira!” Tudo aquilo de que eu discordo… E o endosso vem de quem está no comando do País.

Poderia ser ficção, mas são doses cavalares de realidade.

É a distopia do Brasil de 2019.

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