Moro a um passo da saída.

Quando convidou Sergio Moro para Ministro da Justiça, Bolsonaro jamais poderia imaginar o problema que o Juiz poderia causar ao governo e também a própria imagem do Presidente.

Convidado com carta branca, dada por Bolsonaro para ocupar o Ministério da Justiça e segurança pública, o ex-juiz Sergio Moro foi o nome mais comemorado pela população e por grande parte dos parlamentares, que estavam na mira de Moro, uma vez que o substituto do magistrado não tinha a mesma projeção e cacife para bancar operações e prisões.

Escrevi a época um artigo afirmando que Moro não permaneceria no governo e que ao sair, montaria um escritório para defender os réus e investigados pela Policia Federal. Quando publiquei muitas críticas e piadas encheram minha caixa de e mail e minhas páginas na internet. Pois bem, a saída de Moro do governo Bolsonaro está por um fio. Primeiro pela popularidade do Ministro da justiça ser maior que a do presidente, algo inaceitável por Bolsonaro, que várias vezes afirmou em bom e alto som que quem manda no Brasil é ele.

Assim algumas rusgam começaram nos bastidores entre os dois. A demissão de uma funcionária de confiança de Moro mas indiferente ao Presidente. Este foi apenas o primeiro golpe. Depois vieram afirmações de Bolsonaro sobre a forma do judiciário se comportar. Em público várias críticas ao ministro movimentaram os blog´s de jornalistas que cobrem os bastidores do planalto.

Os delegados da Policia Federal chegaram a pedir ao Ministro que saísse do governo, diante do desgaste de Moro, agravado pela intervenção do Presidente na escolha do delegado Geral da PF. Estas foram apenas fagulhas. O que está pesando e vai pesar muito mais, segundo alguns parlamentares ouvidos pelo Jornal Argumento, é a popularidade do ministro que chega a mais de 10 pontos percentuais que o Presidente. “Bolsonaro não aceita sugestões, não gosta de concorrência e não tem um interlocutor no parlamento capaz de acalmar alguns dos líderes dos partidos, entre eles o centrão, e também ao Presidente da Câmara dos deputados Rodrigo Maia.” Disse afirmando que “por várias vezes Maia e Bolsonaro trocaram farpas pesadas nos bastidores e também publicamente.”

Centralizador e com “estopim curto” o Presidente já demitiu ministros pelo “Tuíter,” em entrevistas com a imprensa e também por telefone. Algo nunca antes visto na República Brasileira.  Por tudo isto e agora com a divulgação das mensagens trocadas entre Moro e o promotor da Lava Jato, hoje vaza-jato, onde conversas e mensagens estão sendo publicadas cirurgicamente pela Folha de São Paulo juntamente com o Intercept minam a imagem do ministro e desmoraliza-o. Ao publicar que o telefonema  de Dilma e Lula foi propositalmente escolhido, entre mais de 22 grampos, objetivando evitar a posse de Lula como Ministro da Casa Civil, que causou o  manifesto de vários setores da sociedade, entre eles de  membros do STF, a independência exigida entre o Procurador e o Juiz transformou-se em uma união entre os dois para prender a todo custo o ex-presidente Lula, considerado um “Preso Político” e que não se sabe porque ainda continua preso,  já que o Supremo tem se manifestado inúmeras vezes sobre o fato e condenando as irregularidades e crimes cometidos por Moro e Dallangnou.

Na publicação de 15/09, mais um dialogo entre Dallangnou e outros promotores falavam sobre um impeachment do ministro do STF,  Gilmar Mendes  “Se estivéssemos em um País mais sério, os dois (Moro e Dallangnou e outros promotores)  já deveriam ter sido destituídos e processados pelos crimes que cometeram.” Afirmou o parlamentar, lembrando que o ex-senador Demóstenes Torres foi absolvido no STF porque as gravações das conversas dele com o  contraventor Carlos Cachoeira, foram feitas sem a autorização judicial, o que não configura legalidade. Falou também que o Ex-presidente Fernando Collor foi absolvido de todas as denúncias feitas pelo procurador Geral do  Ministério Público, pelo fato de que as denúncias feitas não se confirmaram  em  provas.

Nesta terça feira, 17/09, Collor afirmou que Bolsonaro terá muita dificuldades para governar porque não tem apoio dentro do congresso. “Sem apoio do congresso não se governa.” Também disse que a Família Bolsonaro é quem manda em tudo. Não respeitam os poderes. O Filho de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, disse que “na democracia será difícil mudar o País” e que o Presidente avalizou as palavras do filho.

“A impressão que tem é que qualquer membro da família quando fala, é como se o Presidente falasse. Sobre as interceptações feitas pelo site intercept.  Collor também disse que “não se pode simplesmente aceitar  as denúncias contra o Ministro da Justiça e os Promotores de Justiça. “Eles reconhecem que trocaram mensagens, mas dizem que não foi no contesto divulgado. Isto é inadmissível em uma democracia. Se admitem as conversas é prova mais que suficiente para que o judiciário haja.” Disse Collor.

A verdade é que  Bolsonaro está fritando Moro,  e que já tem até o nome do substituto. Agora é esperar a saída dele do Governo.

No artigo que escrevi em janeiro, além de dizer que Moro não ficará no governo, também disse que, após a saída, certamente criará um escritório para defender políticos e empresários que ele mesmo condenou na operação Lava Jato. O tempo vai dizer.            

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