Artigo: Quem vai pagar a conta?

Ontem (0709) o Brasil foi privatizado. Toda estrutura montada em diversos estados para celebrar os 200 da proclamação da republica, foi palco de um grande comício de Bolsonaro. Aquilo que era para ser a celebração de um país, limitou-se aos simpatizantes do Presidente.

Acompanhando pelos meios de comunicação, confesso que fiquei perplexo diante de tudo o que aconteceu.

O palanque montado em Brasília, mais parecia um camarote vip onde só entraram amigos de Bolsonaro. Cercado por convidados, inclusive o empresário Luciano Hang, investigado pela Policia Federal, ocupando lugar de chefes de estados.

Para a “festinha de Bolsonaro”, a esquadrilha da fumaça, policiais militares, do exercito, equipe de atendimento de emergência a saúde, grades, funcionários públicos, forçados pelos chefes imediatos e mais uma gigante estrutura, poucas vezes no Brasil: Os caras pintadas contra Collor e as diretas já, estimadas em 100 mil pessoas, ocuparam o gramado do palácio ‘Presidencial,” quantidade parecida com o que mostraram os canais de televisões.

O locutor oficial do evento chegou a anunciar 100 mil pessoas, mas logo puxaram-lhe a orelha e cerimonial logo disse: “São 100 mil pessoas a nossa frente mas um milhão de pessoas estão espalhadas nos arredores. “

Bolsonaro usou e abusou de frases retóricas, quando tirou a faixa presidencial e foi a um carro de som fazer o discurso do comício. Consiguiu constranger a primeira dama Michele Bolsonaro, quando puxou o coro de “Embrochavel.”  Atacou o congresso e judiciário quando disse que “todos terão que se enquadrar nas quatro linhas.”

Foi um espetáculo dirigido aos simpatizantes e apoiadores do Presidente, que mais uma vez desrespeitando a “Liturgia do Cargo”, fez o que quis, como em uma reunião de amigos.

Havia entre os concorrentes e defensores da democracia o medo do anuncio de um golpe. Pois navios de querra brasileiros e de outros países desfilando pela orla carioca.

Bolsonaro, mais uma vez, não falou em democracia, não disse que não se pode pregar o ódio. O presidente usou toda a estrutura para fazer comício ressaltando os progressos do Brasil no governo dele.

Depois mobilizou mais de mil agentes, policiais e outra centena de organizadores da motociata no Rio de Janeiro.

Poucas vezes se viu uma estrutura montada para um comício, proibido pelo Tribunal Eleitoral e pela lei eleitoral.

Agora o que se esperar destes poderes para punir os excessos e também dizer quem vai pagar a conta do comício. Mas parece haver um medo destas instituições que se calam diante de ataques a democracia como vivido no 7 de setembro.

Hoje só há uma certeza: Bolsonaro pode tudo. E não há limites para um presidente que jurou respeitar a constituição que hoje não passa de pedaços de papeis rasgados.

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