PF cumpre busca e apreensão na casa de Bolsonaro e prende 3 de seus auxiliares, dizem fontes

 A Polícia Federal cumpre nesta quarta-feira mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília no âmbito de operação para investigar inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas da Saúde, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.

Segundo essas fontes, foram presos também, na mesma operação, três dos homens mais próximos ao ex-presidente: o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens; e Max Guilherme e Sergio Cordeiro, seguranças do ex-presidente que continuam a seu serviço e, inclusive, foram para os Estados Unidos com o ex-presidente.

Também foi preso o atual secretário de Governo da prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, João Carlos de Sousa Brecha, disseram duas fontes.

A operação é realizada no âmbito do inquérito das milícias digitais, e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em comunicado sobre a operação, que não menciona os nomes dos suspeitos, a PF informou que estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de depoimentos de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

A operação “Venire” busca esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde.

As inserções falsas ocorreram, segundo a PF, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, e provocaram “alteração da verdade” sobre a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários.

“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, explicou a PF.

Em sua conta no Twitter, Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro e do qual o ex-mandatário é presidente de honra, manifestou confiança na conduta de Bolsonaro.

“Bolsonaro é uma pessoa correta, íntegra, que melhorou o país e procurava sempre seguir a lei. Confiamos que todas as dúvidas da Justiça serão esclarecidas e que ficará provado que Bolsonaro não cometeu ilegalidades”, escreveu.

A Reuters tentou contato com Fábio Wajngarten, que comandou a Secretaria de Comunicação sob Bolsonaro e tem atuado como assessor do ex-presidente, e com os advogados Frederick Wassef, que representa a família Bolsonaro, e Paulo Cunha Amador Bueno, que tem defendido o ex-presidente em outros inquéritos, mas ainda não obteve resposta.

O advogado Daniel Tesser, que também representa Bolsonaro, disse à Reuters que a equipe jurídica do ex-presidente está se locomovendo para Brasília para acompanhar o caso e, quando estiver na capital, avaliará uma eventual manifestação pública sobre a operação.

Não foi possível até o momento contactar Mauro Cid, Max Guilherme, Sergio Cordeiro e Brecha, ou seus representantes legais.

Se confirmadas as investigações, os envolvidos podem ser acusados dos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores, explicou a Polícia Federal.

Em dezembro de 2022, depois de perder a eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, onde ficou por três meses. O país exige até o momento o certificado de vacinação contra Covid para entrada em seu território — a medida será suspensa apenas no dia 11 deste mês.

Max Guilherme e Sérgio Cordeiro acompanharam Bolsonaro aos Estados Unidos e continuam a seu serviço, dentro da equipe a que ex-presidentes têm direito.

(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)

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