Pressionado, Bolsonaro anuncia comitê para combater a covid 19 e admite tratamento precoce.

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu nesta 4ª feira (24.mar.2021), no Palácio do Alvorada, com governadores e chefes de Poderes para tratar de medidas de combate à pandemia. Anunciou que será criado um comitê que se reunirá semanalmente para discutir as políticas para conter o alastramento da covid-19. O presidente voltou a defender o “tratamento precoce”.

O presidente Jair Bolsonaro fala com jornalistas depois de reunião com autoridades no Palácio da Alvorada© Sérgio Lima/Poder360 O presidente Jair Bolsonaro fala com jornalistas depois de reunião com autoridades no Palácio da Alvorada
“Será criado um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus“, disse Bolsonaro a jornalistas depois da reunião.

Participaram da reunião governadores, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux. Também foram ao Palácio ministros do governo e o vice-presidente Hamilton Mourão.
O presidente foi o único dos chefes de Poderes a falar sobre “tratamento precoce”. O chefe do Executivo disse que o assunto foi tratado no encontro. Segundo ele, ficam a cargo do ministro da saúde, Marcelo Queiroga, os protocolos em torno do método de tratamento, que não tem eficácia comprovada cientificamente.

Bolsonaro disse que o novo ministro “respeita o direito e o dever do médico [em prescrever o tratamento] off label”.

Os governadores levaram uma série de demandas ao presidente. Cada região teve um representante na reunião. Foram eles: Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná; Renan Filho (MDB), governador de Alagoas; Cláudio Castro (PSC), governador do Rio de Janeiro; Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás; e Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas. Alguns deles adotaram medidas que foram atacadas por Bolsonaro durante a crise, como confinamentos.

Nessa 3ª feira (23.mar), o Ministério da Saúde confirmou mais 3.251 mortes pela covid-19. É o maior número já registrado em 1 único dia desde o início da pandemia. O número nunca havia ficado acima de 3.000.

No total, 298.676 pessoas morreram vítimas da covid-19 no país.

Também na 3ª feira (23.mar), Bolsonaro fez um pronunciamento na televisão, no qual defendeu a vacinação contra a covid-19 no Brasil. Políticos de diversos espectros ideológicos foram às redes sociais para criticar o presidente.

“Há unanimidade na intenção de cada vez mais nos dedicarmos à vacinação em massa no Brasil”, disse Bolsonaro nesta 4ª feira (24.mar).

A tentativa de desvincular a imagem do presidente a atitudes contrárias à vacinação contra a covid-19 ganhou força nas últimas semanas. Uma série de sinais começou a ser dada em 10 de março, quando Bolsonaro enalteceu as vacinas, usou máscara publicamente depois de meses e pediu confiança no governo.

Na mesma semana, os filhos do presidente seguiram no mesmo tom. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) encaminhou uma imagem do pai com a frase “nossa arma é a vacina” em seu canal oficial no Telegram. “Vamos viralizar”, instruiu aos seguidores. O filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro, divulga desde então vídeos com falas do presidente afirmando que “Bolsonaro nunca foi contra vacina”.

Linha do tempo
Até o início de 2021, o posicionamento de Bolsonaro em relação ao imunizantes era diferente, sem defesa pública da vacinação. Eis a sequência de fatos:

21.out.2020: Bolsonaro decide cancelar o acordo firmado pelo Ministério da Saúde para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.

À época, a reportagem do Poder360 apurou que Bolsonaro enviou mensagens a ministros com o seguinte teor: “Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19“.

Bolsonaro também manifestou publicamente sua opinião contrária à vacina chinesa. Em resposta a seguidores de sua página no Facebook, o presidente reforçou que o Brasil não compraria o imunizante da China e falou em “traição”.

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