O vigilante penitenciário temporário Elias de Souza Silva, de 38 anos, morto ao sair do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, já havia sido alvo de uma tentativa de suborno e conteve um motim promovido por detentos, conforme relata um boletim de ocorrência obtido pelo G1 na manhã desta sexta-feira (19).
O crime aconteceu na manhã da última quinta-feira (18). Na ocasião, a esposa do servidor, que não teve a identidade divulgada, também foi atingida pelos disparos e morreu no local.
Conforme o documento, no dia 1º de fevereiro, durante uma operação de revista em um dos blocos da Ala B da unidade prisional, Elias e dois policiais penais apreenderam dois aparelhos celulares, por volta das 15h. Cerca de três horas depois, por volta das 18h, como consta na ocorrência, três detentos chamaram os servidores e ofereceram à eles R$ 5 mil para que devolvessem os aparelhos apreendidos. Porém, os policiais recusaram.
Diante da recusa dos policiais, de acordo com o registro, os três detentos insistiram e oferecem uma nova quantia para que os celulares fossem devolvidos, dessa vez no valor de R$ 7 mil. No entanto, os policiais recusaram novamente.
Em seguida, segundo a ocorrência, os presos se revoltaram, se “amotinaram” e começaram a “bater nas portas com o intuito de derrubá-las”. O documento relata ainda que, após outros policiais penais entrarem na ala com o objetivo de controlar o motim, os detentos trancaram a porta de acesso às celas e começaram a afirmar que a situação iria “evolui” e que iam “jogar cabeças”, caso os celulares não fossem devolvidos.
Para conter o motim, os servidores, com o apoio do Grupo de Operação Penitenciaria Especial (Gope) efetuaram dois disparos e usaram 12 munições “menos que letal”, onde nenhum preso foi atingido, conforme relata a ocorrência. Após contida a confusão, os três detentos envolvidos no caso, junto com os policiais penais, foram encaminhados à delegacia, onde foi registrado o boletim de ocorrência relatado.
vigilante penitenciário Elias de Souza Silva foi morto ao sair do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Suspeitos morreram em confronto com a polícia
Logo após o crime, policias da Ronda Ostensiva Metropolitana (Rotam) iniciaram buscas com o objetivo de localizar os atiradores. Durante uma abordagem na GO-070, a equipe abordou um homem, que não teve a identidade divulgada, e que, segundo a corporação, teria fornecido o carro usado no crime. Ele foi preso e encaminhado à delegacia.
O G1 não conseguiu localizar a defesa dele até a última atualização desta reportagem.
“Ele foi abordado no momento que fazia uma corrida como motorista de aplicativo. Ele confessou que havia roubado o Sandero no último dia 12 de fevereiro e que teria vendido esse carro para um amigo dele. Em seguida, ele indicou a casa onde estava esse amigo”, afirmou o tenente coronel, Benito Franco.
Segundo o coronel, após localizar a casa indicada pelo suspeito, os policiais foram recebidos a tiros por dois criminosos, que tentaram fugir. Segundo a corporação, eles são os dois homens que estavam no carro usado no dia do crime e que atiraram contra o vigilante e a mulher dele.
“Assim que chegamos a casa, no Jardim Primavera, eles saíram pulando para os fundos. A casa não tinha nada. Existiam só três colchões e poucas peças de roupa. Equipes foram atrás. Houve lá a troca de tiros com os policiais e no bolso de um deles, tinha um celular da dona do Sandero.
Ainda segundo o coronel, o carro utilizado no crime foi encontrado incendiado. Três armas e o celular da dona do carro foram apreendidos. Os corpos dois dois suspeitos foram recolhidos pelo Instituto Médico Legal (IML).
Força-tarefa
Em uma entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira, o delegado Rilmo Braga, titular da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) de Goiânia, informou que uma força-tarefa, contendo três delegados e 40 policiais civil foi montada para investigar as mortes do vigilante e da esposa. Segundo Rilmo, há suspeita de que o crime foi encomendado.
“No que diz respeito a motivação do crime, não há informações nos autos, de forma robusta ou corroborada por qualquer outro elemento de convicção no sentido de que o crime possa ter envolvimento com facções criminosas. Se trata de um crime pontual, de um fato isolado, que versa sobre problemas que possa ter envolvido a pessoa falecida, que acabou gerando esse tipo de retaliação ou crime por encomenda”, disse.
Ainda segundo o delegado, as investigações serão coordenadas pelo delegado Rogério Bicalho, Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Aparecida de Goiânia. O investigador deve apresentar mais detalhes das investigações nos próximos dia.
Fonte G1/GO