Goiânia amanhece encoberta por fumaça

A capital goiana amanheceu, neste domingo, 25, completamente encoberta por fumaça. Outras partes do estado e do país também se depararam com um sol avermelhado e horizonte embaçado. O tempo seco aliado às práticas de queimadas na zona rural são algumas das principais causas que explicam o fenômeno.

O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, conta que existe um corredor de fumagem e fuligem vindo da região norte em direção ao interior de São Paulo, passando pelo sudoeste goiano. Na tarde do último sábado, 24, paulistas publicaram nas redes cidades encobertas por fumaça, como Ribeirão Preto, por exemplo.

Segundo o gerente do Cimehgo, uma frente fria que vem da região sul começou a se movimentar em direção ao oceano, empurrando o fluxo de fumaça e fuligem um pouco para o norte, trazendo os detritos que passavam pelo sudoeste do estado para a região metropolitana de Goiânia. “Infelizmente, a falta de sensibilidade das pessoas está prejudicando o trabalho”, lamentou André.

A chegada desse fluxo de detritos é fator prejudicial à saúde. Medidores de materiais particulados no ar apontam aumento brusco na concentração de material na atmosfera, acusando níveis alarmantes da qualidade do ar que respiramos. De sábado para domingo, os níveis registrados foram da casa dos 10 para casa dos 30 microgramas por metro cúbico, ou seja, a quantidade de material particulado sendo respirado praticamente triplicou.

Concentração de materiais particulados no ar l Fonte: Arquivo / André Amorim.

“Infelizmente, vai demorar um pouco para passar esse fluxo de fumaça”, disse André. Segundo o especialista, os detritos de queimadas na zona rural da região norte do país estão chegando até o Rio de Janeiro. “A falta de sensibilidade está provocando esse estrago”, resumiu. Com a passagem da frente fria rumo ao Oceano Atlântico, a “tendência do fluxo [de detritos no ar] é dar uma reduzida”, concluiu.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO) orienta a população “durante o período crítico que a cidade de Goiânia e outras regiões do estado estão enfrentando”.  Reforçar a hidratação, permanecer em ambientes fechados e com boa circulação, cobrir as vias respiratórias caso precise sair, evitar exposição direta ao sol e atenção redobrada aos sintomas de desidratação, especialmente em crianças e idosos. Leia a nota na íntegra no final do texto.

Retrocesso

Um ponto destacado por André é o retrocesso com relação às queimadas. No ano passado, segundo o especialista, o estado de Goiás havia alcançado um dos melhores índices de queimadas registradas no mês de agosto dos últimos 38 anos. Em 2023, foram 488 registros de queimadas em agosto, mês naturalmente mais seco e quente (o que aumenta os danos do fogo e da fumaça). Entretanto, até o momento, agosto de 2024 já registrou 897 focos de incêndio, quase o dobro do ano anterior. Em 2022, o mês teve 975 registros de incêndio e em 2021 foram 1056.

Registro de queimadas por mês; agosto e setembro de 2023 em amarelo l Foto: Arquivo / André Amorim.

O gerente do Cimehgo elogia o trabalho da Defesa Civil, dos Bombeiros e dos agentes do Meio Ambiente, que mantêm vigilância e ação rápida constante para combate aos incêndios. Entretanto, “tem mais fogo do que gente apagando”, lamenta André.

Por fim, as recomendações do Cimehgo à população seguem as mesmas. Em tempo de seca, reforce a hidratação, denuncie focos de incêndio e evite contato direto com o sol da tarde. Umidificadores no ambiente podem ajudar a melhorar a qualidade do ar.

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