Cemitérios de Anápolis experimentam abandono e inúmeros problemas estruturais

O atual estado dos cemitérios públicos de Anápolis, cidade de cerca de 390 mil habitantes situada 48km a nordeste de Goiânia, evidenciam uma série de problemas que tornam esses lugares uma fonte de transtornos tanto para o poder público municipal, que os administra, como para os parentes das pessoas que foram sepultadas nestes locais. Graves questões de natureza ambiental, estrutural e até socioeconômicas são uma constante nestes campos santos. Ciente desta questão, a Prefeitura de Anápolis fez um chamamento para que empresas especializadas em levantamentos e diagnósticos dos problemas que atingem os cemitérios fizessem um raio-X desses locais e apontassem as principais deficiências. E os resultados foram aterradores, conforme estudo realizado pela Ibiza Construtora.

               Essa realidade dos cemitérios anapolinos levou a Prefeitura local a cogitar a possibilidade de proceder à concessão destes locais, via Parceria Público-Privada (PPP) à gestão particular. Neste sentido, foi emitido um comunicado, o de nº 001/2020, para a realização de audiência pública, que teria ocorrido em 18 de março último, um dia após o Poder Executivo municipal ter decretado o lockdown que suspendeu todas as atividades públicas e muitas particulares na cidade em função da pandemia do novo coronavírus. Mesmo assim, a audiência, que poderia ter sido realizada on-line, nunca aconteceu até a presente data.

               Dos três cemitérios da cidade, o São Miguel é o mais antigo. Localizado na região central, ele não comporta mais nem um sepultamento de pessoas que lá não possuem um jazigo, já que todo o seu terreno está inteiramente ocupado. Aberto no início dos anos 1940, é o repouso final, principalmente, de integrantes das famílias mais tradicionais e abastadas. Já o Cemitério Park, localizado no Vivian Park, ainda que disponha de uma vasta área dedicada à abertura de novas sepulturas e embora tenha sido inaugurado no fim dos anos 1970, padece de uma série de problemas que vão do desabamento dos túmulos até o acúmulo de lixo e mato, vandalismo, depredação e outras ações decorrentes da ação humana. O terceiro, de menor tamanho, é o cemitério São João Batista, no distrito de Interlândia, a 18km de Centro de Anápolis.

               Um levantamento minucioso da situação dos cemitérios e uma pesquisa de mercado realizada na cidade traçam a realidade das necrópoles e também a percepção da população em relação aos cemitérios anapolinos. O estudo aponta que a situação dos cemitérios de Anápolis é uma das mais calamitosas já avaliadas pela equipe, que visita cemitérios com uma frequência praticamente semanal. Embora não haja falta de espaços, poucas cidades visitadas têm tanta dificuldade na gestão e manutenção dos espaços quanto Anápolis. A equipe constatou, por exemplo, a ausência de marco regulatório cemiterial robusto, construção de gavetas por terceiros, acúmulo de água de chuva, situações de vandalismo, centenas de túmulos abandonados, outra quantidade expressiva de túmulos violados (quebrados), e o risco da presença de pessoas ébrias e usuárias de entorpecentes.

               As visitas realizadas aos cemitérios de Anápolis verificaram a ânsia da população por respostas concretas e mais investimentos nesta área, uma vez que se trata de assuntos necessários para a qualidade de vida de quem necessita destes serviços. Os anapolinos se mostraram preocupados com as instalações, com a forma como estes empreendimentos são conduzidos e cuidados, além, claro, da inquietação sobre os cuidados ambientais tomados pelo poder gestor. Apesar disso, é importante ressaltar que a grande maioria da equipe de colaboradores dos cemitérios mostra-se dedicada ao trabalho, notadamente os administradores dos cemitérios estudados – São Miguel, São João Batista e Cemitério Park. Eles têm promovido transformações positivas e evidentes com recursos muito limitados.

               Pesquisa de Mercado

               A pesquisa realizada teve como objetivo realizar um diagnóstico acerca da percepção da população de Anápolis em relação às principais questões que envolvem a estruturação de um novo cemitério. Nesse sentido buscou-se conhecer o público-alvo e suas peculiaridades; identificar os interesses e comportamentos dos clientes; descobrir o que leva essas pessoas a adquirirem os produtos ou serviços a serem ofertados; saber como é a atual experiência dos usuários de produtos e serviços do cemitério da cidade, bem como suas falhas e seus hábitos de mídia e de comunicação.

               O número total de óbitos dos últimos dez anos (2009-2018) de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 22.257 óbitos, uma média de 2.225,7 óbitos anuais, segundo site do IBGE de Anápolis, o que representa 0,57% de óbitos sobre a população viva. Esta média mais baixa, em relação à média nacional de 0,65%, é normal em cidades mais próximas a grandes centros urbanos ou polos de saúde, visto que parte da população que falece nestas cidades maiores vai ser sepultada no interior, em outros estados ou cidades vizinhas.

               Assim, o estudo permite que empresas que eventualmente venham a assumir a gestão dos cemitérios de Anápolis, no caso de a Prefeitura decidir pela concessão de sua administração à iniciativa privada, planejar medidas que busquem modernizar a operação desses aparelhos públicos, entregando conforto, segurança e qualidade nos serviços à população, sem impactar na modicidade tarifária.

               Entre as soluções urgentes que a futura concessionária da gestão dos cemitérios terá de promover estão iniciativas como melhorar a infraestrutura dos locais, no que tange, em especial, à acessibilidade, à pavimentação e/ou calçamento das ruas internas entre as quadras, à sinalização para localização dos túmulos, à melhoria da iluminação e dos pontos de abastecimento de água, à construção e/ou reestruturação das capelas, salas de velórios, veleiros, e escritórios de administração dos cemitérios, à construção de rampas e demais equipamentos de acessibilidade, à melhoria e/ou construção de sanitários e estacionamentos, onde for possível, e ao paisagismo e ajardinamento dos locais, todos esses problemas comuns e recorrentes nos três campos santos. Além de questões como a melhoria no sistema de drenagem e escoamento das águas pluviais e da contaminação ambiental. Outra deficiência premente é no que diz respeito ao registro da documentação dos sepultados e de seus familiares, cujo sistema não é informatizado e, por isso, em alguns casos, já até se perderam.

População Projetada

Média Crescimento Populacional

Número de Óbitos Projetados

Média de Percentagem de Óbitos 2019 386923 1,56% 2205,4611 0,57% 2020 392958,9988 1,56% 2239,866293 0,57% 2021 399089,1592 1,56% 2274,808207 0,57% 2022 405314,9501 1,56% 2310,295216 0,57% 2023 411637,8633 1,56% 2346,335821 0,57% 2024 418059,414 1,56% 2382,93866 0,57% 2025 424581,1408 1,56% 2420,112503 0,57% 2026 431204,6066 1,56% 2457,866258 0,57% 2027 437931,3985 1,56% 2496,208971 0,57% 2028 444763,1283 1,56% 2535,149831 0,57% 2029 451701,4331 1,56% 2574,698169 0,57%.

Fonte: Palavra Comunicação

         

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