Todo pleito majoritário sempre começa com candidatos mostrando a família, dizendo coisas que “adoçam” nossos ouvidos. Porém com o passar do tempo e com a queda ou subida na intenção de votos, o doce dá lugar ao fel e as vísceras dos adversários são expostas.
Como dizia Paulo Maluff, “na política, vergonha é perder.” E para não perder é um vale tudo. O debate de ideias, projetos, solução para as mazelas que tanto afligem os eleitores inocentes e sugestionáveis, principalmente os mais esquecidos pelo Estado, dão lugar a xingamentos, mentiras, acusações levianas e tudo mais que possa destruir o adversário.
Em toda eleição existe uma marca. Nesta, a marca é o corrupto contra o mentiroso. De um lado, Bolsonaro expõe as acusações de corrupção contra Lula, aumentando, é claro, e Lula se refere ao presidente como mentiroso. No meio deste fogo cruzado, fica cada vez mais difícil compreender quem é quem neste processo.
Há um dia da eleição, ninguém mais sabe qual é o programa de Bolsonaro e o de Lula na tv. São tantos direitos de respostas de lado a lado que o programa de Bolsonaro parece o programa de Lula e vice versa.
Houve também mentiras de lado a lado, isto por serem impossíveis cumprir promessas, quando os candidatos entram em um leilão onde o “oferece mais” cresce a cada momento. No primeiro turno, os dois candidatos ofereciam R$ 600,00 vitalícios. Agora, no segundo turno, além dos R$ 600,00 e mais R$ 200,00 e ainda a manutenção dos valores, mesmo se o eleitor conseguir o emprego. Outra mentira que não se sustenta, pois benefício social não pode ser dado a quem tem renda.
Outra expressão mostra que não temos estadistas neste pleito. O que mais se fala é “no meu governo.” Indicando que projetos importantes e duradouros ficarão fora do governo dos candidatos.
Até o depoimento de figurantes, que são contratados para defender e ofender. Claramente nota-se que a fala dos cidadãos são “falas prontas.”
Os debates
Nos dois debates, realizados pela Bandeirantes e pela Globo, onde os debatedores tinham a liberdade de propor temas, o que mais se viu foi o “mentiroso acusando o outro candidato de corrupto.” Enquanto Lula insistia em temas como compra de imóveis, demora na compra de vacinas, truculência de Bolsonaro e ao afirmar que tudo o que Bolsonaro dizia ter feito “era mentira” do outro lado, Bolsonaro chamava Lula a todo momento de “Corrupto,” por ter permitido que membros do Partido dos Trabalhadores “roubassem o País,” de desvio de verbas, “mensalão,” “Petrolão.” Mas nada de propositivo, nada.
Faltou e vai faltar propostas de cada um sobre a reformas, fundamentais, pois a economia só irá crescer com as reformas. A nova LDO – Lei de diretrizes orçamentarias –, que define o quanto o governo vai gastar no próximo ano e em que vai gastar, o congresso aumentou o cheque especial do próximo presidente em mais de R$ 150 bilhões. Também mais R$ 45 bilhões dos projetos sociais aumentados. Não que os mais pobres não mereçam receber um auxilio do governo, mas será eles e nós quem pagará tanta gastança. Mas nenhum dos candidatos falou sobre reforma administrativa, reforma fiscal, no enxugamento da máquina entre outros temas que interessam diretamente ao eleitor e que sem elas nada vai mudar.
Assim, em mais uma eleição o eleitor vai votar novamente a partir dos embates travados em acusações e em quem foi mais eloquente “nas mentiras e na corrupção.”
Pobre povo brasileiro, que de cidadão virou contribuinte e vai continuar.