Após mais de um mês do acidente, Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, se entregou à polícia e foi preso nesta segunda-feira, 6. A prisão foi pedida pelo Ministério Público de São Paulo, que já havia solicitado a detenção do empresário três vezes, mas todas foram negadas pela Justiça. Fernando é réu pelos crimes de lesão corporal gravíssima e homicídio doloso qualificado ao atropelar e matar um homem em acidente de trânsito.
No dia 31 de março, o acusado dirigia um Porsche em alta velocidade, chegando a 156 km/h, na avenida Salim Farah Maluf, zona leste de São Paulo, quando colidiu em um Renault Sandero. No veículo, estava o motorista de aplicativo Ornaldo Silva Viana, de 52 anos, que morreu na hora do acidente. Além da vítima, Marcus Vinicius Rocha, de 22 anos, estava no banco de carona de Fernando e ficou gravemente ferido.
O jovem foi internado, teve o baço retirado e ficou por 10 dias na UTI. Ele teve alta, mas precisou retornar ao hospital no dia 28 de abril em decorrência de complicações da cirurgia, além de possível lesão no ligamento do joelho esquerdo. Segundo o último boletim médico, ele está consciente, mas fala com dificuldade e teve alta no domingo, 5.
O caso de Fernando Sastre ganhou grande repercussão na imprensa pelo tratamento recebido da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP). Após atropelar e matar uma pessoa, ele foi liberado pelos agentes e saiu do local do acidente acompanhado da mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade. Posteriormente, a Secretaria de Segurança Pública reconheceu que houve erro na abordagem policial.
A Justiça tinha decretado a sua prisão preventiva na sexta-feira, 3, tornando-o foragido. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que ele ficou preso provisoriamente e o caso está sendo registrado como captura de procurado pela 5ª Delegacia Seccional. “Na sequência, o indiciado será encaminhado à audiência de custódia”, afirma a nota.
A defesa de Fernando entrou com pedido de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça). No pedido, a defesa alego que a prisão preventiva decretada pela Justiça de São Paulo é ilegal e desproporcional. O STJ marcou uma sessão nesta terça-feira, 7, para analisar o pedido.
Relembre o caso
Na madrugada de 31 de março, Sastre Filho dirigia em alta velocidade um Porsche pela Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, quando colidiu contra um carro, causando a morte de Ornaldo da Silva Viana. O laudo pericial feito posteriormente mostrou que o carro do empresário havia atingido 156 km/h momentos antes da colisão.
A colisão foi registrada na altura do número 1.801 da via. Por causa da gravidade, a traseira do Renault Sandero ficou completamente destruída, assim como a dianteira do Porsche.
Os policiais militares da 2ª Companhia do 2º Batalhão de Trânsito atenderam à ocorrência, mas liberaram o empresário sem exigir que ele fizesse bafômetro. Nas imagens das câmeras corporais dos PM’S, Fernando mal consegue se equilibrar sozinho e sai do local andando com o corpo apoiado na mãe. Antes do acidente, a conta do bar em que estava registrou o consumo de bebida alcoólica.
Um inquérito policial militar (IPM) apura a conduta dos agentes. A Polícia Civil também investiga as razões para os policiais militares que atenderam à ocorrência terem liberado o empresário, que se apresentou quase 40 horas depois do incidente. Pelas horas passadas desde o acidente, nenhum exame conseguirá comprovar a eventual embriaguez do motorista.
A Polícia Civil pediu a prisão de Sastre Filho por três vezes, e o Ministério Público reiterou o pedido ao oferecer a denúncia, em 29 de abril. Entretanto, a Justiça negou os três pedidos, só reconsiderando a situação na última sexta-feira.
A prisão só foi decretada no dia 3 de maio, quando o MP-SP recorreu ao Tribunal de Justiça, a segunda instância do Judiciário paulista. Desde então, a Polícia Civil buscava o empresário para cumprir a ordem de prisão, mas ele não havia se apresentado à Justiça nem foi encontrado em seus endereços. Por isso, era considerado foragido.
Quem é Fernando
Andrade Filho atua no mercado imobiliário e de materiais de construção civil. Entre as empresas da família, o nome de Fernando aparece no quadro de sócios da incorporadora Sastre Empreendimentos Imobiliários. Além da incorporação, a empresa atua na compra, venda, locação e loteamento de imóveis próprios.
O quadro societário é formado por quatro pessoas, todas da mesma família. Fundado em outubro de 2020, o negócio tem sede na capital paulista com investimento inicial declarado de R$ 430 mil.
Outra empresa da família é a F. Andrade, voltada para a comercialização de materiais e insumos para construção civil. É descrita como empresa de pequeno porte, também com sede em São Paulo.