O presidente Jair Bolsonaro citou um referendo de 2005 para divulgar novos decretos assinados por ele ampliando o acesso a armas e munições no País. O governo federal alterou quatro normas de 2019 que flexibilizam os limites para compra de armamento e munição por agentes de segurança e grupos de Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs).

“Em 2005, via referendo, o povo decidiu pelo direito às armas e pela legítima defesa”, escreveu Bolsonaro no Twitter ao divulgar os novos decretos. Após a sucessão no comando do Congresso, o presidente da República tenta aprovar uma lei para facilitar o porte de armas, que ainda não recebeu aval dos parlamentares.

Em 2005, a consulta popular levou à derrubada de um artigo do Estatuto do Desarmamento que proibia o comércio de armas no País. Na ocasião, 63,9% dos eleitores brasileiros votaram para que a venda de armas ao cidadão continuasse a acontecer. Em 2019, Bolsonaro tentou flexibilizar o porte e a posse por decreto, mas sofreu uma derrota no Congresso e anulou as normas, enviando um projeto de lei com a medida.

Segundo o governo, “a medida desburocratiza procedimentos, aumenta clareza sobre regulamentação, reduz discricionariedade de autoridades e dá garantia de contraditório e ampla defesa”.© Dida Sampaio / Estadão Alterações nos decretos flexibilizam os limites para aquisição e estoque de armas e cartuchos.

As alterações incluem, de acordo com texto divulgado pela Secretaria-Geral da Presidência da República:

Decreto nº 9.845

Decreto nº 9.846

Decreto nº 9.847

Decreto nº 10.030

Risco à democracia

Parlamentares criticaram, na manhã deste sábado, 13, os decretos sobre armamentos assinados por Bolsonaro. Além de questionarem o momento escolhido pelo presidente para as medidas – durante o carnaval -, alguns deputados de oposição falaram que as novas regras são um “risco à democracia”.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que Bolsonaro “abriu a porteira” para o armamentismo e que as medidas servem para “armar as milícias” do presidente. “Quando ele diz que teremos problema maior que o dos EUA nas eleições, é disso que está falando. Não vê quem não quer.”

Na mesma linha, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que os decretos representam um risco à democracia: “Bolsonaro está armando seus apoiadores para ameaçar as instituições. O golpe está em curso”, escreveu Freixo em sua conta no Twitter.

Já o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) criticou o momento escolhido pelo presidente para assinar o decreto e questionou a falta de prioridade do governo Bolsonaro – ao tratar de armamentismo em meio à pandemia da covid-19 e a escassez de vacinas no país. “É lamentável ver que o governo não tem o mesmo empenho para garantir vacina, que já está acabando no Brasil”, escreveu.

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