Provavelmente, o título deste artigo surpreendeu muitos de vocês, certo? Mas vou esclarecer para evitar mal-entendidos e insatisfações entre os envolvidos mencionados. Não parem de ler, garanto que valerá muito a pena.
O Ronaldo Caiado do período eleitoral foi descartado por ele mesmo, revelando aos goianos sua verdadeira face. Não vou adjetivar, pois isso é coisa para pessoas que se acham superiores a tudo, às instituições e às leis que governam nossa sociedade.
No primeiro mandato, ouvimos o mantra cansativo de terra arrasada deixada por seu antecessor. Um mantra que não se provou totalmente confiável. Acredito que em uma análise simplista, não passe de 25% de verdade, coincidentemente igual ao número do partido que elegeu o governador em 2018.
Marconi Perillo tinha muitos defeitos, mas seguia as regras do jogo e era, muitas vezes, previsível. Sabíamos o que ele faria ou suportaria em termos de críticas sem colocar o nome de algumas pessoas em sua lista negra. Na ALEGO, os projetos eram aprovados de acordo com os interesses. Mas havia algo que o diferenciava do atual governador. Talvez sua fala, seu tom mais democrático e respeitoso.
Antes que me cobrem qualquer coisa, não estou dizendo que Ronaldo não seja respeitoso, mas seu tom muitas vezes é preocupante, soando autoritário e impositivo. Isso realmente incomoda. Ser governador não é ser dono do estado. É ser o Chefe do Executivo Estadual, onde as instituições têm seu papel constitucional estabelecido pela carta magna da república. Não se pode acusar pais pelos crimes cometidos por seus filhos. Há regras para isso.
Assim, não é raro ouvir, nos corredores do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, comparações entre Marconi Perillo e Ronaldo Caiado, dois dos maiores nomes políticos ainda vivos em Goiás. E não pensem que Marconi está politicamente morto. Quem acredita nisso precisa se atualizar.
Hoje, entre os gestores com os maiores salários do funcionalismo público estadual, é unânime a opinião de que esses quatro anos serão os mais longos de todas as administrações de governo que Goiás já teve. Minha avó dizia que tudo que é bom dura pouco e parece que o governo do atual governador será bem longo.
O tema do momento é o IPASGO ou o fim previsto do instituto que atende mais de 600 mil usuários. Não há como negar o futuro sombrio que aguarda os servidores públicos estaduais já no próximo ano. Se realmente for transferido para o controle de SSA, que é outra denominação para OS, os reajustes serão estabelecidos pela ANS. Reajustes esses que não serão nada compatíveis com os reajustes, mínimos, que serão, e se forem, concedidos pelo governo estadual.
Em janeiro de 2023, a ANS aprovou um aumento de 15,5% nos planos de saúde. Pensem no seguinte cenário: se os servidores públicos já estivessem sujeitos às regras da ANS, enfrentariam uma defasagem de 4,78%, já que o governo concedeu um reajuste salarial de apenas 10,72% ao longo de quatro anos. Isso equivale a um aumento de 2,68% nos salários. A inflação acumulada entre 2019 e 2022 foi de 26,93%, resultando em uma defasagem real de aproximadamente 16,21%. Essa é a conta para quem gosta de matemática. A explicação ficou mais clara graças a um gestor paciente.
Quanto ao IPASGO, parece ter chegado ao fim. O projeto de lei foi enviado à ALEGO, onde não deve enfrentar resistência para ser aprovado. Haverá quem elogie a proposta de transferir o plano para a iniciativa privada, mesmo diante dos protestos daqueles que pagam pontualmente as mensalidades para ter acesso a atendimento médico e hospitalar. Fim de jogo.
Não podemos esquecer o Hospital do Servidor Público Fernando Cunha Júnior, que também foi alvo de protestos e acabou sendo retirado do plano. Se não me engano, a OS responsável pelo Materno Infantil deveria construir um novo hospital, não contribuir para a retirada do Hospital Fernando Cunha Júnior. Game over para o hospital também.
Há ainda a questão da mudança da ABC para o CCON – Centro Cultural Oscar Niemeyer. O assunto tem gerado muito debate entre servidores e representantes sindicais e promete dar o que falar. Mais um Game Over à vista.
Também houve a Taxa do Agro. Os produtores rurais abastados de Goiás não apoiaram a campanha do Dr. Ronaldo Caiado. A turma do Agro preferiu apoiar a candidatura de Major Victor, aliado do controverso presidente derrotado nas urnas. Caiado, por sua vez, focou em programas sociais que garantiram sua reeleição. Os cartões sociais foram cruciais para que ele não precisasse do apoio do Agro goiano. De forma irônica, Ronaldo ignorou o grupo e ainda impôs um pedágio sobre eles. Mesmo com o STF concedendo uma liminar, Goiás cobrou a taxa em março, desrespeitando mais uma vez o Agro. E ainda houve um esforço para garantir, junto aos ministros da Corte, que não fosse retirado o direito de taxar antigos aliados.
Outro tema polêmico que será amplamente debatido e provavelmente resultará em mais um Game Over para os principais afetados é a data-base dos servidores públicos. Acredita-se que será o pior de todos os tempos, não acompanhando a inflação e desmentindo as propagandas de avanço do estado. Há rumores de um reajuste em torno de 5%, mas é importante ressaltar que essa informação não foi confirmada. De qualquer forma, mais um Game Over para os servidores estaduais vindo por aí.
Sei que podem ter ficado algumas questões não abordadas, mas levando em conta tudo que cerca quem escreve este artigo, vou me limitar a isso. Não posso, no entanto, deixar de mencionar o título. Tudo que o atual governador faz é precedido por frases como “Marconi Perillo não faria isso” e “Que saudades do Marconi Perillo, que mesmo sendo ruim, consegue ser melhor que Ronaldo Caiado.”
Deixo a análise e as conclusões para vocês. Convido a comentar e compartilhar com amigos, inimigos, membros do MPGO, TJGO, TCE, TCM, frequentadores do Restaurante da Dona Lourdes – um tradicional ponto no Setor Central, visitantes da Casa da Mãe Joana – minha tia-avó, pessoas ligadas à ALEGO ou outros ambientes político-partidários do nosso estado. Pdv
Encerro com uma pergunta direta aos dois mencionados, “Perillo e Caiado”: discordam ou concordam com o exposto aqui?