O desentendimento entre ACM Neto e Rodrigo Maia, isto pelo fato de que ACM Neto ter liberado a bancada de deputados para votarem de acordo com as convicções, nada mais foi do que fazer com que o partido voltasse a exercer um papel que há décadas mantinha: partido apêndice do poder.
Este papel o partido protagonizou ainda no regime militar, quando Aureliano Chaves foi o primeiro político civil a ser vice de um presidente militar, General João Batista de Figueiredo. Filiado ao PDS, Aureliano foi vice presidente de 1979 a 1985, quando se ofereceu para ser o escolhido para disputar o governo na eleição vencida por Tancredo Neves. A disputa no PDS, vencida por Paulo Maluf, tinha como candidatos ainda, além de Aureliano, Maciel e Jorge Bornhausen.
Insatisfeitos com o resultado, os três políticos abandonaram o PDS e fundaram o PFL. Mesmo criando um partido chamado de Independente, o PFL voltou a ser apêndice, quando Marco Maciel foi vice presidente – de 1995 a 2003 – da eleição vencida por Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, partido criado para abrigar dissidentes do PMDB.
Outro nome forte no processo sucessório brasileiro foi Antônio Carlos Magalhães, conhecido como “toninho Malvadeza”, apelido criado pela forma firme e violenta do parlamentar. Egresso da União Democrática Nacional (UDN), Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e Partido Democrático Social (PDS), teve o Partido da Frente Liberal/Democratas (PFL/DEM) como as últimas siglas. ACM Foi governador da Bahia, estado que governou por três vezes (duas vezes foi nomeado pelo Regime Militar Brasileiro). Também foi o primeiro Ministro civil – das comunicações – do Governo de José Sarney.
Assim fica mais fácil de entender a postura de ACM Neto. “O DEM caminha a passos largos para o papel de destaque no governo de Bolsonaro. O partido que caminhava para uma postura ética, joga todos os anos em que foi respeitado pela forma firme de fazer politica, e não é nem sobra do que já foi um dia.” Disse um parlamentar ao Jornal Argumento.
Aos poucos o DEM vai deixando de ser um partido independente e tem em ACM Neto o condutor neste processo de retrocesso. Já há boatos de que o vice de Bolsonaro ou de um candidato fruto de uma união do centrão será do DEM. Desde a ditatura até o governo do PSDB o DEM sempre ocupou a vice presidência, indicando ministros e secretários. Em todo estas décadas não se importou com a titularidade do cargo, exceto a candidatura de Ronaldo Caiado em 1985 que teve derrota acachapante e ficou nas ultima colocações, quando 23 candidatos disputaram o cargo de presidente do Brasil.
ACM Neto cresceu vendo o avô, ACM costurando com o partido que ocupa o governo. E tudo caminha para voltar a ser “um partido apêndice.”