Análise

E se Fred ganhar?

Candidato aposta no apoio dos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro para vencer as eleições.

Em eleição tudo é possível. Principalmente a “tal da onda”. A onda que já elegeu presidentes da república, senadores, governadores e prefeitos. A onda nasce de um fator que pouco ou nada representa em apresentar projetos ou soluções para os problemas que atingem os cidadãos; é muito mais empolgação que razão.

Já passamos por algumas   como a onda de 1998 que elegeu Marconi Perillo a partir do “fim da panelinha” que tinha Iris Rezende candidato ao governo e Dona íris Candidata ao senado: nada de anormal, pois ambos tinham credenciais mais que necessárias para os cargos. A onda do fim da “panelinha” fazia alusão ao termino de um pseudo reinado da família Rezende em Goiás. Marconi ganhou a disputa, mas a falta de experiência em gestão de Marconi custou dois anos de atraso ao estado.

Em Goiás, voltou a briga das panelinhas

Já a onda “lula lá”, que pregava fazer justiça as duas derrotas anteriores do petista, fez de Lula presidente do Brasil, em 2002. A “onda” falava apenas de esperança, termo abstrato. Sem experiência e sem o apoio do congresso Lula amargou anos difíceis.

Sem Medo de Ser Feliz [1]

 

Agora, nas eleições que vão escolher o novo prefeito de Goiânia falam da “onda” Fred, também desprovida de projetos, soluções e em atender aos anseios da sociedade. Fred, desde o começo das eleições, fazia o papel sujo de denegrir a imagem dos adversários, em especial de Adriana Accorsi, candidata do PT. Assim passou todo o primeiro turno como franco atirador.

Se dizendo independente e sem a necessidade de fazer composições, algo impossível em qualquer governo, Fred nada apresentou, além de se auto intitular como uma espece de justiceiro.

Pesquisas fizeram Fred mudar a estratégia

Com pesquisas apontando perda significativa de pontos, Fred abandonou os ataques, aconselhado por membros da campanha, e passou a ser o “Fred Paz e Amor”, e se mostra vítima de ataques. Uma incoerência, pois, Fred foi nas vísceras dos adversários. Pregando ser um homem de fé, de defesa da família e utilizando uma passagem bíblica, colocando-se no papel do pequeno David que venceu a luta contra o gigante Golias, Fred tanta se aproximar dos cristãos.

Ficou irritado com a pergunta de um jornalista que quis saber o por quê de Fred, se apresentar como defensor da família, dos bons costumes e religioso, se declarar solteiro, no documento de candidatura registrado no TRE, mesmo vivendo com uma mulher que diz ser a esposa dele e também ter filhos com ela?  Totalmente fora do contexto político, a campanha de Fred exibiu um vídeo, muito contestado por ser atual e apelativo, quando o candidato, em um pit dog, pede a “esposa em casamento. ”

Mas e se Fred ganhar?

Na política tudo pode acontecer e Fred pode ser eleito. E o que isto significa? Na prática será um desastre. Fred diz que chamará Paulo Guedes para montar uma equipe para cuidar da economia do município. Guedes é o ex-ministro do governo Bolsonaro que terminou o mandato de forma vexatória, por tentar enfrentar o congresso e foi “esmagado. ” Nem para as reuniões de ministros e coletivas sobre a economia Guedes era convidado. Para tentar se aproximar do parlamento, Bolsonaro desautorizou várias medidas apresentadas por Paulo Guedes.

Fred não tem e nem terá o apoio dos vereadores guianenses ao  menospreza-los e dizer que pode governar sozinho. Não ter um bom relacionamento com o parlamento é o primeiro sinal de que qualquer denúncia ou erro de Fred poderá custar o cargo de prefeito.

Leia-se o caso do ex-prefeito Daniel Antônio, protagonista do caso CAMARAGATE, em 1985, quando o então prefeito mentiu ao dizer que estava sendo extorquido por 17 dos 21 vereadores para aprovar projetos enviados pelo executivo municipal. O caso teve repercussão nacional.  Mesmo depois de dizer que mentiu e que não houve a “tentativa de extorsão por parte dos parlamentares”, Daniel Antônio foi afastado da cadeira de chefe do executivo municipal.

O candidato ainda diz que vai moralizar o transporte coletivo. Outra mentira de Fred. Nenhum prefeito quis comprar briga com os poderosos componentes do SETRANSP – Sindicado dos donos das empresas de transporte coletivo, que também não gostaram das denúncias de que as obras do BRT foram paralisadas por desvios de dinheiro para o bolso dos empresários, mesmo sem considerar que a obra é obrigação do município.

Fred diz que vai demitir todos os comissionados da prefeitura, sem saber do contingente de pessoas que trabalham honestamente e com muita dedicação para servir o cidadão em uma espece de sacerdócio. Se realmente demitir os comissionados Fred causará um colapso no serviço público de Goiânia, uma vez que mesmo com centenas de servidores comissionados ainda é grande a falta de profissionais.

Sem nenhum projeto para apresentar, foi necessário chamar o senador Wilder Morais, que ocupou um programa inteiro de rádio e de TV para apresentar propostas que deveriam ser apresentadas pelo candidato Bolsonarista.

Candidato ao senado pelo Goiás.
Foto: Wilder Morais Oficial

A relação com o governador Ronaldo Caiado, que um dia já foi amigável, desandou quando Fred também atacou o governador e irritou o governador em um comício recente, com a presença de Jair Bolsonaro que chamou Caiado de “covarde” falando sobre a pandemia da COVID.

Sem apoio, já que Bolsonaro não mora em Goiânia e teve os direitos políticos cassados, resta o senador Wilder Morais que jamais irá se indispor com parcela gigantesca dos principais  segmentos, principalmente da economia, para defender uma administração fadada a naufragar.

Rapidamente a “onda Fred” vai perdendo força a cada dia e consequentemente pontos nas pesquisas. No segundo turno onde projetos e ações são decisivas para a eleição do prefeito, o despreparo, o destempero e a auto vitimização de Fred mostram que nem de longe ele tem condições, inclusive emocionais, de administrar uma cidade de mais de um milhão e meio de moradores e  que sofre todos os tipos de problemas na administração de Rogério Cruz, que já se mostrou um desastre e que pode piorar, caso não  se elege um gestor que promova  um choque de gestão imediata e Fred não possuiu este perfil e nem a competência.

 

 

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