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Artigo: Bolsonaro, a tragédia anunciada.

Ao contrário dos comentaristas pontuais, que se expressam apenas quando acontece um fato, o Jornal Argumento publicou em novembro de 2019 a dificuldade que Bolsonaro teria para governar um País onde a politica é feita através do fisiologismo, bondades para os amigos e o rigor da lei aos inimigos.

O Jornal Argumento não é golpista, esquerdista,  comunista, de direita nem de “centrão”. São mais de 25 anos denunciando e questionando a postura dos governantes.

Na matéria publicada em novembro o objetivo era mostrar para a sociedade quem era realmente Jair Bolsonaro. Um deputado com 7 mandatos, ou seja 28 anos, onde neste período apresentou apenas dois projetos. Um deles falava sobre a liberação da “Pilula do Cancer”. Fora isto Bolsonaro era um parlamentar do baixo clero (aqueles deputados sem poder ou importância) e usavam a tribuna apenas nas segundas feiras, consideradas feriados  para os demais, tantos assim que estas sessões foram extintas.

Bolsonaro teve os seus cinco minutos de fama quando disse para a Deputada Rosa Amélia que “ela era tão feia que nem merecia ser estuprada.” Parlamentar da linha dura e defensor intransigente das forças armadas, que lhe deram os 7 mandatos.

Recapitulando

Paulo Roberto e o doleiro Youl, primeiros presos na Operação Lava jato

Surge o caso lava jato, quando Paulo Roberto (ex-dirigente da Petrobras) foi investigado sobre desvios na empresa petroleira. Mais de um ano antes das operações, o Jornal Nacional fez uma entrevista com Paulo Roberto sobre as irregularidades, que Paulo disse: “Não vou morrer sozinho.” Uma Clara ameaça aos políticos, empreiteiros.

Mas ninguém levou a sério, e, como no Brasil, estamos sempre correndo atrás do rabo –igualmente a um cachorro – explodiu a operação LAVA JATO, assim chamada porque a primeira operação da polícia federal foi em um posto de combustível onde o Doleiro Alberto Youssef lavava dinheiro sujo.

Nasceu Sergio Moro para o Mundo.

Por trás de cada ação da Policia Federal havia um juiz de Curitiba, até então totalmente desconhecido, que mandou prender empresários, parlamentares, membros do executivo, governadores, prefeitos e todos aqueles que tinham ligação com o crime do colarinho branco.

Amado e odiado, Moro virou um Herói para o povo brasileiro. Viajou o mundo fazendo palestras sobre como combater a corrupção e colocar figuras ilustres atrás das grades.

A Lava Jato prendeu políticos de todos os partidos, mas o PT, com tremenda capacidade de assimilar escândalos, foi o partido mais atingido até hoje. Sergio Moro fez o que alguém jamais poderia imaginar: colocar o ex-presidente Lula na cadeia, mesmo não tendo provas claras.

Oportunista Bolsonaro convidou Sergio Moro para ser o Ministro da Justiça caso fosse eleito. Então em novembro de 2019 Moro aceita o convite de Bolsonaro para integrar a tropa de elite do Capitão Bolsonaro ou  01 (linguagem militar). Seduzido pela popularidade no cargo de Juiz e ainda ser ministro do Brasil é  um sonho perfeito para muitos.

O erro de Moro.

É quase impossível  acreditar que um Juiz tão bem informado, politizado, respeitado não tenha lido a biografia de Jair Bolsonaro e se deixou levar pela fama. Moro acreditou que Bolsonaro, um militar que respeita apenas patente, iria dar a ele carta branca para fazer o que quisesse no Ministério. O povo brasileiro projetou-se em Moro iludido de que, se como Juiz, Sergio Moro, prendia muita gente, no cargo de Ministro colocaria o resto dos “bandidos” atrás das grades.

Só  que não foi isto que aconteceu. No primeiro ato, Bolsonaro mandou Moro exonerar uma funcionária de confiança do ex juiz. Logo depois tirou do Ministério da Justiça e Segurança Publica, o COAF, departamento que acompanha a movimentação financeira de todos os brasileiros. Começou a perseguir o delegado Geral da PF, o superintendente da PF no Rio de Janeiro que comandava o processo contra a família Bolsonaro.  

Então Sergio Moro percebeu que ganhou um presente de grego e começou a se afastar do Presidente, Até o ponto de pedir demissão do cargo de ministro. Mas precavido, depois da sedução, Moro gravou, copiou e todo o contato que manteve com o Presidente e outros políticos não foi arquivado. Antes de pedir demissão, Sergio Moro fez gravíssimas acusações contra Bolsonaro. Acusações que fizeram o Procurador Geral Augusto Aras pedir a abertura de um inquérito para apurar as denúncias.

O Purgatório de Bolsonaro

Também possuído pelo poder de poder fazer qualquer coisa, pois é o presidente, Bolsonaro começou a interferir na Policia Federal, Pedir para ser informado sobre novas e operações em andamento.

Irritou-se com Moro, quando o ministro foi pessoalmente pedir para que a operação que investigava Flávio Bolsonaro, sobre o caso da “rachadinha”, investigar o comandante Queiroz, a quem Bolsonaro disse que sempre emprestava dinheiro para o militar e que recebeu um cheque de R$ 40 mil de um empréstimo. Mas Bolsonaro não soube dizer o que fez com o documento. Falou que no mesmo dia  viajou para Brasília  e não se lembra do que foi feito com o cheque.

Mauricio Valeixo – ex-diretor geral da PF. O Estopim

Mais uma vez reclamou do delegado geral da PF que ao invés de dar continuidade ao inquérito sobre a facada que levou na campanha, preferiu buscar os autores do caso da Vereadora Merielle e o Motorista dela.  Quanto mais se explicava, mais acabava se perdendo no raciocínio. Chegou ao ponto de dizer que Moro aceitava trocar o delegado geral após novembro, quando o Presidente o indicaria para a vaga no STF.

Bolsonaro nas mãos de Rodrigo Maia.

Revivendo a historia entre Dilma e Eduardo Cunha, estão Bolsonaro e Rodrigo Maia. Os dois que sempre se estranharam agora aparece a oportunidade de Maia tirar Bolsonaro da Presidência. Isto porque Bolsonaro não tem maioria no parlamento, fato fundamental para que tenha chance de permanecer no cargo. Vários  pedidos de impeachment  devem chegar à Maia nos próximos dias. Caberá então o futuro do presidente à vontade de Maia. Caso seja retirado do poder, o General Mourão assumiria a presidência da republica. Fato já bastante cogitado após a apresentação de provas por parte de Moro, no mesmo dia em que pediu exoneração.

Resumindo: Bolsonaro que disse que iria exterminar o PT, pelos crimes cometidos, agora se iguala ou supera  a Dilma e Lula na condição de criminoso. Os crimes de Dilma e Lula foram fiscais, já os de Bolsonaro são muito mais graves, entre eles “tentar interferir  na direção da Policia Federal, um órgão de Estado e não de Governo, obstrução da Justiça. Falsidade ideológica: Bolsonaro exonerou o delegado Geral da Policia Federal, na madrugada, usando um carimbo com a assinatura de Moro, tentando dar a entender que seria o ex-ministro que o fez e  mais quatro crimes.  

Bolsonaro e os novos parceiros políticos: Waldemar da Costa Neto e Roberto Jeferson. Mensaleiros

Diante de tudo o que aconteceu fica cada vez mais claro que o poder no País é podre. Joaquim Barbosa, Moro e Bolsonaro não tinham nada de heróis senão discursos retóricos e sem ação. Perdemos muito tempo no governo de Bolsonaro que nos mais de 16 meses apenas mandou tirar o aquecimento da piscina, tentou ser um retrato do Presidente Americano Trump Mas na verdade foi uma pintura esquizofrênica de Donald Trump.

Até o momento Bolsonaro não disse a que veio, se não, vingar-se das pessoas, inclusive demitir um funcionário de um órgão que o multou anos atrás.

Finalizando, concordo plenamente com o Presidente Bolsonaro quando ele diz “que é ele quem manda no Brasil.” Manda, mesmo, Senhor Presidente. O Senhor manda em tudo e pode fazer tudo o que a liturgia do cargo lhe permite.


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