Mais de um milhão de brasileiros estão com AIDS, diz ministério da saúde.
Em 2022, 1.509 pessoas receberam o diagnóstico HIV positivo no Estado. O número foi menor que o ano anterior, quando 1.645 foram diagnosticados com o vírus. Na série histórica, há dez anos, 321 pessoas descobriram que tinham HIV em Goiás. Isso acompanha a tendência brasileira de aumento de contaminações nos últimos dez anos. A edição mais recente do boletim epidemiológico de HIV/Aids no Brasil, entre 2011 e 2021 o número de diagnósticos saltou de 13,7 mil para 40,9 mil, o que corresponde a um aumento de 198%.
Para a técnica da Coordenação de Assistência às ISTs/Aids da SES, Daniele Prado, ao olhar a evolução dos casos ano a ano, em 2022 houve uma queda com relação a 2021. “Os casos têm diminuído, mas não tanto quanto a gente gostaria. E isso graças à evolução na testagem e ampliação da oferta da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP)”, avaliou.
Segundo Daniele, a PrEP é um método de prevenção à infecção pelo HIV com eficácia comprovada acima de 95%. “É um medicamento elegível para qualquer pessoa que se encontre em situação de risco. Quem tem múltiplos parceiros, faz sexo anal frequentemente ou vaginal sem preservativo”, explicou.
No entanto, a técnica da SES reforça que a PrEP não desobriga o uso do preservativo. “O medicamento não previne contra hepatite, sifilis ou gonorreia, por exemplo. Mas, estando em uso, pelo menos quanto ao HIV a pessoa está protegida”, afirmou.
Para o médico infectologista Marcelo Daher, a PrEP não tem incentivado as pessoas a deixarem de usar a camisinha. “É uma estratégia de prevenção muito útil e que tem se demonstrado eficaz. A recomendação é o uso combinado, mas o uso do preservativo nem sempre acontece como deveria acontecer e a PrEP vem pra somar em relação a isso”, disse.
Para utilizar a PrEP, em Goiânia, os interessados podem procurar o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) ou o Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica (CRDT). “Em todo o Estado, são 16 unidades de saúde aptas a receber pacientes que querem fazer o tratamento”, completou.
Além disso, Daniele salienta que é preciso “desmistificar” o paciente com HIV. “Em tratamento, carga viral é indetectavel. Isso não quer dizer que ele está curado, mas que não transmite mais o vírus. Assim, o tratamento do HIV é mais uma forma de prevenção de novos contágios”, destacou.
Outra preoucpação da técnica da SES é com relação aos jovens entre 15 e 24 anos. “Eles estão começando a vida sexual da forma errada porque têm aumentado os casos nessa faixa etária. É preciso que os pais conversem com seus filhos sobre a importância do preservativo e que eles ensinem como usar”, detalhou.
O infectologista não vê a cura da HIV como algo muito próximo nem extramente distante. “Não vejo como algo muito real”. No mundo, há relatos recentes de cura no mundo com tratamentos que envolvem transplante de células tronco. Até hoje, há apenas cinco casos de curas notificadas no mundo.