De acordo com a atual legislação, caso condenado, ele estará apto a se candidatar novamente em 2030, aos 75 anos, ficando afastado portanto de três eleições até lá (sendo uma delas a nacional de 2026).
“Na minha idade, [o que] gostaria de fazer, continuar ativo 100% na política. E, tirando seus direitos politicos que, no meu entender, é uma afronta isso aí, você perde um pouquinho desse gás”, disse.
“Então eu acredito que o que eu fiz ao longo de quatro anos é algo para ser estudado. Bandeira do Brasil, o pessoal passou a respeitá-la, cantar hino nacional, aprenderam a dar valor a liberdade. Conheceram as instituições”, completou.
Os planos do PL para o ex-chefe do Executivo incluem viagens semanais, encontros com parlamentares e montagem dos diretórios municipais e chapas, de olho nas eleições do ano que vem.
Questionado sobre os ânimos com o julgamento desta quinta, Bolsonaro disse não se iludir, mas também não falou em sucessores. “Com a minha idade, não vou me iludir”, afirmou.
“Desculpa aqui, não gosto de falar no “se” [for declarado inelegível]. (…) A gente não pode partir dessa linha que [eu] estaria jogando a toalha. O que que eu vejo, qual a acusação principal contra mim? Reunião com embaixadores. Isso é crime? Dois meses antes dessa minha reunião o senhor Edson Fachin se reuniu com embaixadores também. A política externa é privativa do presidente da Republica.”
Ainda que Bolsonaro diga que espera que o tribunal não casse os seus direitos políticos, já é dado como certo no seu entorno que não haverá pedido de vista e que o resultado será desfavorável.
O julgamento começa nesta quinta-feira, mas não tem data para terminar.
O ex-presidente será julgado por uma Aije (ação de investigação judicial eleitoral) movida pelo PDT em agosto de 2022. A ação pede que o TSE torne Bolsonaro inelegível. Na época, o partido tinha Ciro Gomes como candidato a presidente.
A Aije foi a primeira que pediu a derrubada da chapa de Bolsonaro por causa do discurso feito pelo então presidente em 18 de julho. A legenda afirmou que Bolsonaro praticou abuso de poder político e fez uso indevido dos meios de comunicação.
Bolsonaro vinha se mantendo recluso, mas na véspera do julgamento deu uma guinada na sua estratégia, alinhado com advogados, e voltou a falar publicamente.
Segundo aliados, a estratégia é agora tentar usar do “púlpito” um espaço para influenciar a opinião pública e reforçar o argumento de que é vítima de um processo injusto.
Um dos principais argumentos é a comparação do seu julgamento no TSE com o da cassação da chapa Dilma-Temer, algo que seus interlocutores já vinham reforçando nos bastidores há meses. Enquanto o da petista demorou anos, o dele ocorreu em meses.