Muito prazer, sou a inflação

Quem nasceu após os anos 90 poucas vezes ouviu falar da palavra inflação. Se acostumou a comprar carros, alimentos e outros produtos pelo mesmo preço de anos atrás. Podia fazer planos para comprar um imóvel, na certeza de que os juros cobrados iriam manter-se pela eternidade. Ou seja, quem nasceu após os anos 90 viveram em um paraíso com o real valorizado e com o mesmo poder de contra por muitos anos.
Já quem nasceu nos anos 70 e 80 sentiu na pele a destruição que a inflação causa a economia do pais. Os militares, também tentaram combater a inflação, mas não deram conta. Talvez este seja o principal motivo para a transição na politica brasileira.

A maior missão de Tancredo Neves era derrotar o dragão, mas com a morte dele, sobrou para Sarney enfrentar e derrotar a fera. Assim foi criado o plano Sarney, onde os preços foram congelados por algum tempo; mas a capacidade de consumo dos brasileiros acabou sendo maior do que a capacidade da produção. Para tentar evitar a inflação o governo ainda contava com a COBAL – companhia brasileira de alimentação -, que administrada pelo governo, não mudava o preço dos alimentos. Mas a COBAL foi esmagada pelo monstro da inflação.
Então a inflação se impôs em todos os ramos de negócios no Brasil, chegando a mais de 1.000% ao ano. Ou seja quem comprova um produto pelo preço do dia, no dia seguinte encontraria o mesmo produto ao menos dez vezes mais caro. Por isto era comum compras imensas para estocagem, capazes de perdurarem-se por no mínimo um mês.
E enquanto os preços aumentavam, os salários eram cada vez menos valiosos.

Veio Fernando Collor de Melo com o plano Color. A intenção do Plano Collor era controlar a hiperinflação e estabilizar a economia brasileira. Para isso, diversas medidas foram propostas, tais como: congelamento de depósitos em conta corrente e poupança, fim dos incentivos fiscais e substituição da moeda Cruzado Novo pelo Cruzeiro. Para evitar o desabastecimento do mercado brasileiro, Color baixou os impostos cobrados pelo brasil para produtos de outros países chegou a comparar os carros produzidos no brasil como “carroças”, frentes as que começaram a transitar nas ruas brasileiras.
Para mais uma decepção do povo brasileiro, o “tiro na inflação” slogan de Collor para por fim aos aumentos, não prosperou e Collor, diante de várias denúncias de corrupção foi “empitimado”, sem matar a inflação. Veio Itamar Franco. Entregou a economia do Brasil para Fernando Henrique Cardoso que criou o “plano cruzado.” Sabendo da importância de um plano para combater a inflação, muito causada pelas especulações de mercados internacionais, convidou Armirio Fraga para ser presidente do Banco Central. Usando a logica, FHC colocou um especulador financeiro para atuar neste nicho. Depois de leito presidente do Brasil, FHC chamou Pedro Malam para ser ministro da fazenda.

Lulla, nos 8 anos de governo conseguiu manter a inflação em taxas quase imperceptíveis e entregou o País para Dilma que começou a fazer um estrago na política e na economia. Mesmo assim, haviam reservas.
O governo tinha estoques em todas as áreas. Tanto na alimentação, no mercado e principalmente no cambial. Quando Lulla deixou o governo, havia uma reserva de mais de 200 bilhões de dólares. Isto para manter a moeda americana em patamares aceitáveis. Pois se havia algum desastre em outros países e os investidores começassem a tirar o dinheiro do Brasil, automaticamente o Banco Central colocava dólar a venda. Assim, havendo mais oferta que demanda, a moeda americana não causava grandes problemas. Assim como, quando o dólar perdia força, o Banco central intervia novamente, comprando a moeda americana.
Hoje não temos mais estoques reguladores. Um exemplo claro: com o aumento no preço do arroz, o brasil teve que importar o produto por não ter um estoque regulador. No combustível a mesma coisa: o álcool já está custando mais que a gasolina em alguns estados, e o governo não tem estoque para colocar no mercado e fazer com que o preço volte ao patamar anterior. Na energia elétrica apesar de vários avisos que teríamos uma diminuição na produção, nada se fez. Tanto no combustível quanto na energia elétrica criou-se um efeito cascata: Sobe o preço do diesel, sobe o preço do frete, que sobe nos alimentos, e por ai vai.
Energia elétrica também contribui para o efeito cascata e aumenta o preço nas industrias, que aumenta o preço nas lojas e por ai vai. Com dificuldades de produzir, as indústrias que ficaram paradas por mais de um ano, devido a pandemia da COVID, retomam a produção aos poucos e com custos maiores para produzir. Um amigo disse-me que foi comprar uma caminhonete. Ao chegar na concessionaria disseram que não tinham o veiculo e que ele deveria entrar em uma lista de espera ou pagar um pouco mais, ou melhor “ágio”. Isto acontece quando se tem dinheiro mas não se tem produtos.
Não entro no mérito político, me mantenho no campo da economia. Por isto, digo à nova geração vão se acostumando e incorporando ao vocabulário a palavra “inflação”.