Análise

O Brasil continua doente.

Fiz, há alguns anos, uma analogia comparando a situação do Brasil a de um doente. Disse que todos os ministros da economia não atacavam o cerne da questão, o ponto principal da doença que fazia com que o doente sangrasse  e  recebesse apenas um atendimento caro mas paliativo, quando, na verdade, precisava de mais, muito mais.  Precisava de um médico que fizesse o diagnostico e o tratamento.

Pelas primeiras falas do “médico” Dr. Paulo Guedes, sobre reformas, privatizações, cortes de gastos, cheguei a pensar que finalmente o Brasil iria se curar. Isto porque precisava e ainda precisa de aplicar o “Remédio das Reformas.”   Não há como salvar a economia do Brasil sem as reformas. Elas são fundamentais para que o “paciente” cure-se.   

A Reforma fiscal era o antibiótico mais potente contra a doença do endividamento. Paulo Guedes, para a minha alegria,  prometeu propor e lutar  pela reforma fiscal e outras.  Acreditei  que, finalmente, as reformas tão defendidas pelo ministro, no congresso, no executivo e no judiciário iriam ser facilmente entendidas e aprovadas, pela  eloquência de Guedes.

Ministro Paulo Guedes

O tempo passou e hoje, quase no fim do primeiro mandado do presidente, Paulo Guedes, além de não emplacar nenhuma reforma, acabou perdendo força no governo e rendendo-se aos mandos de Bolsonaro.

Além de não conseguir aprovar nenhuma reforma, o Super Ministro também não conseguiu fazer as privatizações prometidas, tanto assim, que o responsável pelas área das  privatizações, abandonou o Ministério  da Economia, por, em mais de dois anos, não ter conseguido privatizar  um metro de rodovia.  

Veio a pandemia e o governo mostrou que, em mais de um ano, não fez nenhum planejamento ou economia. Precisou gastar muito e de forma errada para tentar conter a sangria que a covid impôs. Hoje Bolsonaro  não considera  Guedes um super ministro e   muito competente; ao contrario, para acomodar aliados, o presidente descentralizou quase tudo o que estava nas maõs do ministro.  Recentemente tirou de Guedes o controle sobre a previdência, uma das mais importantes pasta e que deu início a necessária e fundamental reforma, para dar lugar no governo a um membro do centrão. Outra perda de Guedes foi a decisão pela autonomia do Banco Central pelo STF, fazendo  que o ministro perdesse mais poder.   

Para não perder o cargo de Ministro Paulo Guedes pouco ou quase nada fala. Já não atrai os holofotes como antes, e o medico nem começou o tratamento e já não tem poder sobre o  doente.  

Insisto que o único remédio capaz de fazer o Brasil crescer e não inchar, como aconteceu em outros governos, são as reformas. É preciso se aprofundar neste debate vital para o fim das gastanças e orçamentos emergenciais.  Mas a única reforma que sempre se coloca em votação e aprovada no parlamento são reformas eleitorais, beneficiando, cada vez mais partidos e políticos.

A importantíssima reforma política, capaz de acabar com a corrupção, partidos de alugueis e fisiologismo, dorme em alguma gaveta há  décadas, e é sempre  lembrada quando acontece casos que envolvam parlamentares. Passado o crime, a reforma política volta para a gaveta. Estamos há quase um ano da próxima eleição e Paulo Guedes não tem mais tanto poder e tempo para  emplacar alguma  reforma, pois os efeitos colaterais são grandes e mexem nos interesses eleitorais dos parlamentares que precisam renovar os mandatos,  e ações impopulares podem comprometer diretamente a vitória ou derrota.    

Diante disto, o Brasil continua doente, recebendo tratamentos caros e que apenas agem nos sintomas e nunca nas causas. Muito se falou e se discutiu sobre reformas, mas nada foi feito.  O país continua precisando de alguém que tenha coragem e apoio para tentar salva-lo, isto é: fazer as reformas!           

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