A pedido de Bolsonaro, Mourão tenta conter crise da Universal em Angola
O vice-presidente Hamilton Mourão aproveitou a viagem oficial a Angola para intervir na gestão da crise envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus no país. Segundo disse Mourão ao jornal O Estado de São Paulo, a missão foi confiada a ele pelo presidente Jair Bolsonaro.
Mourão embarcou para Angola na última 4ª feira (14.jul), para uma viagem de 3 dias. O objetivo oficial foi participar de encontro da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Na 6ª feira (16.jul), ele se encontrou com o presidente angolano, João Lourenço.
“Por orientação do PR [presidente da República], conversei com o presidente angolano”, disse ao Estadão, referindo-se ao caso da Universal. “A diplomacia está buscando uma forma de fazer com que as partes se entendam.”
Os problemas enfrentados pela Universal em Angola não têm relação direta com o governo brasileiro. Mas as últimas pesquisas indicam que Bolsonaro perdeu espaço entre os eleitores evangélicos e resolver essa crise seria um passo para reconquistar essa parcela da população.
A situação da Universal em Angola vem desde 2019, quando membros da igreja no país divulgaram um manifesto no qual acusam a gestão brasileira de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e racismo.
Ainda em 2019, Angola ordenou o fechamento de templos da igreja no país. A Universal foi acusada de atos ilegais, entre eles fraude fiscal e exportação ilícita de capitais. Neste ano, o governo angolano determinou a deportação de 34 missionários brasileiros.
Depois do encontro com Lourenço, Mourão disse à agência Lusa, de Portugal, que “a questão da Igreja Universal afeta o governo e a sociedade brasileira pela penetração que essa igreja tem e pela participação política que ela possui [no Brasil], com um partido, o Republicanos, que representa o pessoal da igreja”.
“O governo brasileiro gostaria que se chegasse a um consenso entre essas duas partes e que o Estado angolano recebesse a delegação parlamentar brasileira que quer vir aqui para tentar chegar a um acordo e a um ponto em que se esfrie as diferenças que ocorreram.”