Record TV passa por mudanças e desliga jornalistas
A Record TV está passando por uma das maiores reestruturações de sua história e acabou de demitindo vários nomes relevantes do jornalismo da emissora. Em dezembro de 2024, as demissões que impactaram fortemente o ambiente interno e geraram incertezas entre os funcionários.
Mais de sete profissionais foram desligados no mesmo dia em que recebiam as cestas de Natal, um gesto tradicionalmente simbólico de reconhecimento pelos esforços ao longo do ano. Esses cortes começaram no final de novembro e já afetaram dezenas de trabalhadores, incluindo jornalistas renomados e outros em início de carreira.
Entre os demitidos estão Cleisla Garcia, repórter especial do Jornal da Record, Kiko Ribeiro, editor especial, e Rosana Simões, chefe de reportagem. Também foram afetados nomes como Luanna Barros, Mateus Munim, Lais Dapper e Aline Bertoli, todos com passagens relevantes pela emissora e por outras grandes redes, como Globo e Band. A reestruturação ocorre em um momento de mudanças estruturais no jornalismo da Record, que, como outras emissoras, busca se adaptar aos desafios impostos pela era digital.
O clima nos bastidores da emissora tem sido marcado por incerteza e preocupação. Funcionários relatam que, desde o início dos cortes, o ambiente ficou carregado de apreensão, com muitos temendo pela continuidade de seus contratos. A proximidade das festas de fim de ano intensificou o desconforto, tornando o processo ainda mais doloroso.
A decisão de realizar as demissões no mesmo dia da entrega das cestas de Natal foi amplamente criticada, pois contrasta com o espírito de gratidão normalmente presente nesta época. Além disso, muitos dos desligados tinham longos anos de dedicação à emissora, o que gerou um impacto emocional ainda maior nos colegas.
As demissões se inserem em um contexto de grandes transformações na televisão brasileira. A Record TV está passando por um ajuste em sua estrutura para enfrentar as novas demandas do mercado. Em 2025, a emissora incorporará o Campeonato Brasileiro de Futebol em sua programação, o que exigirá a contratação de cerca de 100 novos profissionais.
Contudo, isso também implicará no fim de alguns programas tradicionais, como o Câmera Record. Estima-se que até 150 pessoas possam ser desligadas até o final dessa reestruturação, à medida que a emissora redistribui seus recursos e redefine suas prioridades.
Essas mudanças fazem parte de um movimento mais amplo no setor, no qual as emissoras buscam se alinhar com as tendências digitais e a demanda por conteúdo mais voltado ao público jovem. O jornalismo da Record TV, tradicionalmente uma das áreas de maior prestígio da emissora, está sendo reestruturado para se adaptar a essas novas exigências.
Além da revisão do quadro de pessoal, a emissora está ajustando formatos de programas e a abordagem editorial, com o objetivo de tornar a programação mais ágil e interativa. A integração de tecnologias como inteligência artificial na produção de notícias e a busca por um conteúdo mais dinâmico são algumas das inovações previstas. No entanto, a mudança tem gerado resistência interna, com profissionais defendendo que o jornalismo tradicional, com seu foco investigativo e narrativo, deve ser preservado.
Essa reestruturação no jornalismo da Record TV não apenas altera a estrutura interna da emissora, mas também representa uma mudança significativa no perfil de seus programas e na continuidade de projetos jornalísticos de longa data. A saída de jornalistas experientes, com passagens marcantes pela emissora e pelo jornalismo brasileiro, aponta para um período de transição delicado, que pode ter efeitos de longo prazo na produção e no perfil da programação jornalística da Record TV.