Deputado Cláudio Meirelles diz que “Caiado não dará conta de pagar a folha de julho.”
Em entrevista ao Jornal Opção, deputado Cláudio Meirelles explica o que o levou a romper com o governador e faz duras críticas à secretária da Economia, Cristiane Schmidt
Deputado eleito por quatro vezes consecutivas, Cláudio Meirelles (PTC), conserva a fama de rebelde. Após romper com o grupo político do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) para apoiar o então candidato Ronaldo Caiado (DEM), agora faz forte oposição ao democrata na Assembleia Legislativa. “Ele mudou, virou a cara, abandonou seus companheiros”, diz.
O alvo predileto de Meirelles é a secretária da Economia, Cristiane Schmidt. “Ela não é qualificada para o cargo”, afirma. Mas não poupa outras áreas do governo, como a educação, segurança pública e a Goinfra. Também diz que há corrupção no governo Caiado.
Em relação ao prefeito Iris Rezende, que é apoiado pelo PTC, as críticas são mais moderadas. Meirelles admite problemas na saúde pública em Goiânia, mas divide a responsabilidade com o governo estadual. Esses e outros assuntos foram abordados na entrevista a seguir, concedida ao Jornal Opção.
Euler de França Belém – Qual o motivo da briga entre o sr. e o deputado Amauri Ribeiro (PRP)?
Em uma sessão, ele estava agredindo a [deputada] Adriana Accorsi (PT), disse que todos os que exerceram mandatos executivos pelo PT foram corruptos. O pai dela [Darci Accorsi] foi um grande prefeito em Goiânia. Cortei a fala dele, porque estávamos em votação.
No dia seguinte, subi na tribuna e disse que os deputados podem discutir projetos, encaminhar voto, mas não pedir questão de ordem para confrontar outro deputado. A questão de ordem é para orientar a mesa. Foi só isso que falei e ele se sentiu ofendido, como se eu tivesse chamado a atenção dele.
Infelizmente, o deputado Amauri tem esse tipo de comportamento. Espero que ele seja um bom deputado e possa exercer seu mandato. Mas que não faça o que prometeu, botar a mão em mim. Por isso fiz um BO [Boletim de Ocorrência] e uma representação no Conselho de Ética contra ele. Desde então, ele parou de falar de mim.
Euler de França Belém – E como está o andamento desse BO?
Está na delegacia de polícia e foi marcada uma audiência no fórum, para novembro. Arrolei como testemunhas os policiais legislativos que o seguraram. Ele tentou me agredir na frente do presidente da Assembleia [Lissauer Vieira]. Esse comportamento não pode ocorrer dentro da Assembleia.
O deputado Amauri já agrediu um colega quando era vereador. Há vários acontecimentos na cidade dele, Piracanjuba, que mostram o seu comportamento. Ninguém nunca me viu agredir uma pessoa fisicamente. Posso debater, mas na minha história política não coloquei a mão em alguém. Na [história] dele, tem. Será que estou errado?
Euler de França Belém – Comenta-se que o verdadeiro motivo para o sr. ter rompido com o governador Ronaldo Caiado é que o sr. fazia pressão por cargos no governo. O que justifica exatamente o sr. ter sido abandonado pelo governador?
Até hoje não sei por que o governador Ronaldo Caiado tem agido diferente comigo. O apoiei na campanha. Cumpri todos os compromissos com ele. Mas o Ronaldo Caiado da campanha é um, o Ronaldo Caiado governador é outra pessoa.
O poder subiu à cabeça do governador. Ele abandonou a maioria dos companheiros, não conversa mais com eles e se uniu com a maioria das pessoas que apoiavam o outro candidato [o ex-governador José Eliton]. Foi assim comigo, Iso Moreira (DEM), dr. Antônio (DEM) e o Major Araújo (PRP). Com uma diferença: eu não fui atrás do governador.
Em novembro, o Bruno Peixoto [líder do governo – MDB] votou pelo orçamento impositivo, eu não. Depois, o próprio Bruno Peixoto apresentou um novo projeto sobre o orçamento impositivo e perguntou se eu assinaria. Disse a ele que, sem ler, não assinaria. O governador reclamou que eu estaria causando dificuldade em um projeto do Bruno Peixoto, sem eu saber de nada. Fui ao governador e expliquei a ele que não havia nada disso e que qualquer fato que ele quisesse falar, falasse comigo. Mas disse que não iria mais votar em tudo o que ele mandasse sem me informar.
De certa forma, me senti humilhado de ter de ficar toda hora dando satisfação de meus atos ao governador. Mas expliquei a ele que não sou homem de fofoca e que a reclamação não se justificava, era intriga de alguém, que imagino ser o Bruno.
Votei os projetos que o governador pediu, como no caso dos incentivos fiscais. Mas vi que o comportamento dele comigo mudou. Fui chamado pelo Ernesto Roller [secretário de Governo], que me perguntou o que eu queria no governo. Disse a ele que queria apenas respeito.
Rodrigo Hirose – Mas mudou como o comportamento do governador com o sr.?
Ele não conversava mais comigo, virou a cara. Ou fez de propósito ou alguém levou alguma informação que ele acredita. Vejo que o governador é ungido pelo ouvido. Parece que é um mal de todo governo. As fofocas palacianas são históricas e não sou homem de fofoca.
Com Caiado ou sem Caiado, eu ganho eleição, porque trabalho. São oito mandatos seguidos, quatro de vereador e quatro de deputado. Governo é muito importante, com ele a gente consegue levar os benefícios com mais facilidade. Mas, com governo ou sem, sou trabalhador, viajo muito, visito minhas bases e todos aqueles que me apoiaram. Quando larguei o José Eliton para apoiar o Caiado, só perdi uma prefeita. Todos os demais, mesmo apoiando o José Eliton, permaneceram comigo.
Euler Belém – Com o orçamento impositivo, os deputados ficam mais independentes de pressões de governo?
Não deixa de ser, mas temos de ver se o governador vai pagar.
Rodrigo Hirose – Mas o orçamento não é impositivo?
O governador divulgou que herdou uma terra arrasada para justificar para a sociedade que não tem condições, nesse momento, de levar benefícios e obras para o município. Com isso, não vi qualquer movimento no sentido de pagar as emendas impositivas, mesmo com todas as emendas direcionadas à Secretaria da Saúde, conforme solicitado pelo governo.
A Assembleia Legislativa fez tudo para ajudar o governador até agora. Aprovamos o corte dos incentivos fiscais, a reforma administrativa. Mas estamos aguardando que o governo reaja. Os goianos, quando elegeram Caiado, votaram em um guerreiro, e não em um lamentador de dificuldades.
“O povo já sabe que o Caiado pegou um governo em dificuldades. Mas tem de parar com o discurso de campanha e começar a trabalhar”
O povo já sabe que ele pegou um governo em dificuldades. Mas tem de parar com o discurso de campanha e começar a trabalhar. Não podemos mais aceitar que o governo feche escolas, como fechou mais de 20. Goiás demorou mais de 20 anos para conseguir ter escolas de tempo integral. Em cinco meses o governador acabou com todas elas. Ele está tirando os militares das escolas. Todos sabem que elas são referências, outros Estados vêm para ver como elas funcionam em Goiás.
Rodrigo Hirose – O argumento do governo é que vai haver economia, retirando militares da reserva que hoje estão nas escolas, ao mesmo tempo em que os militares da ativa vão para a atividade fim, que é fazer a segurança pública.
Educação não é economia, tem de ser vista como investimento. A escola militar tem regras no sistema militar geridas por militares. Os militares da reserva que foram aproveitados são mão de obra especializada. Na tentativa de se economizar, e a economia foi pouca, o governador corta a qualidade da escola.
Agora querem fazer economia em cima da UEG [Universidade Estadual de Goiás]. O orçamento da universidade era de 2%, mas ela, ao longo do tempo, foi crescendo. É evidente que esse porcentual não é mais suficiente. Então, o governo começa a pensar em cortar unidades.
O governador pensa em economia, mas em nenhum momento, em incrementar as receitas. Com todo respeito à secretária que ele trouxe do Rio de Janeiro [Cristiane Schmidt, Economia], mas todos percebem que ela não é uma especialista nas áreas de finança e contábil. Ela não tem experiência. A intenção do governador de pedir uma indicação ao ministro Paulo Guedes [Economia] pode ter sido boa. Mas ele não teve muita sorte. A secretária não é qualificada para o cargo.
Com todo o respeito também à secretária da Educação [Fátima Gavioli], mas será que não havia um técnico da área capacitado em Goiás? Precisava trazer alguém lá de Rondônia? Rondônia é o 17º no Ideb, enquanto Goiás é o 1º.
Será que era preciso trazer tanta gente de fora? Os goianos não conseguiriam melhorar Segurança, a Saneago, o Meio Ambiente?
Rodrigo Hirose – O secretário da Segurança Pública, Rodney Miranda, tem divulgado que os índices de criminalidade têm caído em Goiás. Ele não está fazendo um bom trabalho?
Esses dados já eram apresentados desde o governo passado. No papel é uma coisa, mas, na prática, é outra. A criminalidade é um problema em todo o Brasil e não se acaba da forma que estão fazendo. Ela passa também pela Educação. Se o Estado está fechando escolas, quais as perspectivas de resolver o problema da segurança pública?
Euler de França Belém – Em cinco meses, não é possível resolver a questão da segurança pública. Em um momento, há algum refresco, mas após isso, pode voltar. O crime organizado está enraizado em Goiás. A situação está apenas represada. O sr. concorda?
Quando se traz um secretário de fora, desconhecido pelas pessoas da segurança em Goiás, cria-se um constrangimento. Na gestão dele, no Espírito Santo, houve uma greve das polícias Civil e Militar, as pessoas saquearam supermercados. Em Goiás, temos pessoas tão qualificadas quanto ele.
Parece-se que Ronaldo Caiado não é um homem de grupo. Quando ele assumiu o governo, trouxe a maior parte de seu secretariado de fora de Goiás. Imagine um profissional que nunca havia ouvido falar de Porangatu, Catalão. Vai passar mais de um ano para se adaptar. Se brincar, vai passar o mandato inteiro e não vai aprender a comer pequi.
Euler de França Belém – O sr. falou que o Caiado trocou de aliados. Quem são os novos aliados do governador?
A Assembleia Legislativa representa bem isso. A maior parte dos que apoiaram o governo José Eliton, hoje apoiam Caiado. Daqui a três anos, vão abandoná-lo e voltarão ao ninho tucano, apoiando uma candidatura próxima do PSDB. Os que estiveram realmente com ele na campanha [de 2018] foram abandonados, como eu, o Major Araújo, o dr. Antônio e o Iso.
Euler de França Belém – O Iso Moreira disse que recompôs com o governador.
A questão com o Iso é que o governador prestigiou o deputado Paulo Trabalho (PSL) no Nordeste goiano. Tenho muito voto na região. Ao longo da GO-118, entre Planaltina e Campos Belos, fui o deputado mais votado, dividindo votos com o Iso, e nunca tive problemas com ele.
Euler de França Belém – O govenador Caiado, ao nomear Ênio Caiado e Aderbal Ramos Caiado na Goinfra, disse que a intenção era moralizá-la. A Goinfra está moralizada? Está arrumando as estradas de Goiás?
A verdade é que a Goinfra não tem dinheiro e sem condição sequer de tampar buracos.
Quanto à questão familiar, se eu fosse governador, evitaria nomear qualquer parente. Caiado anda na contramão e nomeou muitos parentes em cargos de confiança. Parece que ele só confia na família dele, o que é um equívoco.
Tivemos um grande governador, Leonino Caiado. Hoje temos um estádio Serra Dourada, graças a ele. O futebol é o esporte mais popular do Brasil. Há pessoas na família Caiado que o povo reconhece. Mas o Leonino não nomeou tantos Caiados no governo dele.
Euler de França Belém – O governo Leonino foi melhor que o governo Rolando Caiado?
Acredito que sim. Pelo menos reclamava menos.
Euler de França Belém – A secretária Cristiane Schmidt alega que, para repassar o duodécimo integral da Assembleia, terá de retirar do esporte e da cultura. Como fica a situação? Não é constitucional que se faça o repasse integral?
Rodrigo Hirose – Ela está jogando a sociedade contra a Assembleia?
Muito. Percebe-se que a secretária não tem conhecimento das contas do Estado. Ela disse em entrevista que estava cumprindo o duodécimo, quando na verdade está muito longe disso. O governador colocou no orçamento R$ 8 milhões por mês para a manutenção da Assembleia. A secretária está passando R$ 3 milhões. Nem o que o governador incluiu no orçamento por iniciativa própria ela está cumprindo.
Por que o Estado cumpre os repasses para o Tribunal de Contas do Estado, o Tribunal de Contas dos Municípios, o Ministério Público e o Judiciário e não cumpre o do Legislativo? Isso é histórico. Todos os ex-governadores fizeram isso.
O presidente da Assembleia [Lissauer Vieira] pretende construir a nova sede. A área ocupada hoje pela Assembleia é um bosque em uma área de preservação ambiental. O prédio está irregular, nunca poderia ter sido construído naquele lugar.
Muito já foi gasto na sede nova. O presidente quer que a secretária cumpra com o duodécimo. Aí, sim, ele poderá fazer economia para construir a nova Assembleia. Essa obra começou anos atrás e até hoje está no alicerce. Enquanto isso, o Tribunal de Justiça e o TCE construíram suas novas sedes.
Rodrigo Hirose – Mas, nesse momento de grave crise econômica, não tem sentido adiar uma obra desse tamanho?
Que [a Secretaria da Economia] repasse o dinheiro devido para a Assembleia e os deputados decidam se querem devolvê-lo. Mas o dinheiro não é do Estado. O governador tem falado aos quatro cantos que é um cumpridor de leis, mas não está cumprindo. Ele tem de repassar o que é constitucional.
“A Assembleia é um poder, não é uma secretaria do governo. Mas é um poder fraco”
A Assembleia já vem contribuindo há muito tempo com o Executivo. Podemos continuar, mas nem por isso vamos abrir mão [do duodécimo]. A Assembleia é um poder, não é uma secretaria de governo. Teria de ser um poder forte, mas na prática, é um poder fraco.
Euler de França Belém – O governo pode reduzir o duodécimo ou apenas se a Assembleia aceitar?
Este ano, o governo já não consegue reduzir. Para o ano que vem, depende do que será incluído na LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] e no orçamento. A última palavra é da Assembleia.
É importante que todo governo trabalhe em sintonia com o Poder Legislativo. Não há dúvida de que haverá reação a qualquer afronta. Podemos ser convencidos pelo governo a ceder, mas nunca por meio de imposição.
A secretária de Economia conhece pouco das contas, veio de fora, não sabe o que é Goiás e nunca comeu pequi. Ela passou dos limites ao dizer que está pagando o duodécimo e que um deputado está mentindo. Assim, não vai conseguir ter um bom diálogo com a Assembleia.
Euler de França Belém – O governo precisa arrecadar mais, pois, se ficar se fiando em Brasília, vai ficar esperando como os demais Estados. Também precisa melhorar a segurança. No entanto, segundo seu colega Eduardo Prado (PV), o governo não convocará os mais de 100 delegados aprovados no último concurso. Também não vai nomear os auditores fiscais aprovados. O governo não devia nomear esses delegados e auditores?
A metodologia do governador é economizar a qualquer custo, atropelando a segurança pública, a fiscalização, a saúde e a educação. A desculpa para fechar as escolas e para tirar os militares das escolas é a economia. A continuar dessa forma, em alguns dias, Goiás para realmente. O governo vem reclamando de dificuldades por causa das dívidas, mas até agora não fez um plano de receita para o Estado.
Até a semana passada, não havia conseguido pagar uma parcela R$ 77 milhões de um empréstimo da Celg. Se não pagar, o governo federal, que é o avalista, terá de pagar, mas reterá o Fundo de Participação dos Estados (FPE).
“O Estado fechou maio com quase R$ 35 milhões de défict. A previsão de junho é de mais de R$ 240 milhões. Resumindo: o Estado só está administrando dívidas e colocando culpa nas gestões passadas”
O Estado fechou em maio com quase R$ 35 milhões de déficit. A previsão para junho é de mais de R$ 240 milhões. Resumindo: o Estado só está administrando dívidas e problemas e colocando culpa nas gestões passadas, mas até agora não houve um plano de trabalho para aumentar a receita.
A Secretaria da Economia tem apenas um comando volante para fiscalizar o IPVA [Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores], que está em Goiânia. Se houvesse um plano de trabalho, poderíamos aumentar o número de comandos volantes e colocá-los em todo o Estado.
Não existe fiscalização. Quando se entra no Tocantins, por exemplo, logo após a divisa já há um posto fiscal. Do lado de Goiás, não tem. No Estado inteiro praticamente só existe o de Itumbiara. Noventa por cento dos fiscais, ao invés de estarem nas ruas verificando se há sonegação de impostos, trabalham internamente.
A Secretaria da Economia está sem comando, não tem um planejamento. Aí, como não há arrecadação, só se pensa em cortes.
Rodrigo Hirose – O sr. é favorável à proposta do governador Ronaldo Caiado de os governos estaduais terem acesso a 30% do Fundo Constitucional do Centro-Oeste?
Esse dinheiro é federal. Não sei como ele vai conseguir. Isso terá de ser feito com entendimento com o governo federal. O governador Caiado não tem poder algum sobre esse recurso. O Banco do Brasil é que libera. Quando ele fala em reter esse dinheiro, tem de perguntar primeiro em Brasília se pode ou não.
Rodrigo Hirose – O presidente Jair Bolsonaro prometeu editar uma Medida Provisória para liberar esses recursos aos Estados. Mas o sr. acha concebível um recurso originalmente destinado ao setor produtivo ser remanejado para os governos estaduais?
Não pode e acho que é inconstitucional. Nem o Bolsonaro querendo, poderá fazer. Esse dinheiro é para possibilitar avanços na indústria e no agronegócio do Centro-Oeste. O governador não pode pegar esse dinheiro para pagar folha do funcionalismo.
A arrecadação de Goiás para este ano está prevista para algo em torno de R$ 20 bilhões. Desse valor, R$ 17 bilhões são para a folha de pagamento. Outros R$ 3 bilhões são para pagar as dívidas. Sobrarão cerca de R$ 500 milhões para fazer toda a manutenção do Estado. Mas essas dificuldades já existiam nos governos passados.
Recebi uma mensagem de WhatsApp que dizia o seguinte: “O governador [Caiado] diz que no governo passado havia tudo de ruim e que se roubava. E que agora não se rouba mais. Mas, no passado, com todos esses problemas, o governo fazia obras e pagava a folha em dia. Então, se hoje não se rouba mais e mal se consegue pagar os salários, para onde está indo o dinheiro?”
Pelas informações que tenho, se o governo não reagir até agosto, a cada dois meses vai pagar uma folha. Enquanto o governo passado demorou 47 meses para atrasar uma folha de pagamento, no primeiro ano de governo, a continuar como está, o Caiado vai atrasar o pagamento.
A arrecadação de Goiás caiu mais de R$ 60 milhões de abril para maio, comparado com o ano passado. Em fevereiro, o governador chamou os servidores para discutir o pagamento da folha de dezembro, mas a secretária de Economia fez toda a simulação baseada na arrecadação de fevereiro, que ainda tinha reflexo de alta por conta das festas natalinas. Só que todos da Secretaria da Economia sabem que a arrecadação cai a partir de julho, é assim no Brasil inteiro. Parece-me que a secretária não tinha esse conhecimento.
Agora o governo anunciou, após um pacto com a Assembleia, o Poder Judiciário, o Ministério Público e os tribunais de contas, que não convocará concursados. Vai vencer o prazo [de validade dos concursos]. Em 2022 é ano eleitoral, aí que não poderá convocar. A partir do momento que um governo faz um concurso e depois diz que não convocará, é um ato de estelionato. Se eu fosse um aprovado, com certeza buscaria a Justiça.
Esse governo será só de lamentações, não valorizará o servidor e nem chamará concursados.
Euler de França Belém – A reforma administrativa, aprovada pela Assembleia, corta servidores e gratificações. Os deputados examinaram criteriosamente essa questão ou apenas compraram e aprovaram a reforma?
Faço parte de uma oposição de apenas 11 deputados, o governo tem uma grande maioria. O que posso é levar tudo ao conhecimento da população. A reforma cortou uma gratificação de R$ 500 para servidores do Vapt Vupt. Entendo que a qualidade vá cair, não apenas por isso, mas por terem sido exoneradas muitas pessoas que estavam ali há muitos anos e que tinham experiência.
Em Porangatu, onde havia sete guichês para atendimento, agora só há dois. A unidade está superlotada, o atendimento é feito somente para as pessoas que chegam até as 16 horas. Já são mais de cinco meses de governo e até hoje a regional do Detran de Porangatu não tem um diretor. Alguns serviços precisam da senha [de acesso ao sistema de tecnologia da informação] desse diretor e, por isso, não estão sendo feitos.
Desde a vitória na eleição de outubro [de 2018] são praticamente nove meses. Só recentemente o governador nomeou os diretores da Goinfra. Em alguns órgãos, os cargos não foram preenchidos. Com isso, o Estado fica solto, sem comando.
Vejo o governador somente no discurso de palanque, contra o governo passado. O Caiado já falou para o povo que pegou o governo quebrado. O povo já sabe disso, não se precisa falar mais. O que precisa é trabalhar mais. O governo está inoperante.
Rodrigo Hirose – O Caiado alertou a população de todos os problemas que havia no governo, a população se convenceu e ratificou isso nas urnas. O que ele está fazendo agora para consertar esse Estado quebrado?
Nada. E isso está decepcionando o povo goiano. Ele foi eleito não só para questionar o governo passado. O povo está esperando ações e planos para tirar o Estado da situação que está. Espero que ele realmente comece a administrar o Estado, pois até agora está deixando a desejar.
Rodrigo Hirose – Nesses pouco mais de cinco meses não há nada de positivo?
Eu é que pergunto: qual é a ação positiva até agora no governo?
Euler de França Belém – O governador foi grande crítico da privatização da Celg, mas agora está falando em privatizar a Celg GT [Geração e Transmissão]. O sr. é favorável a essa privatização?
Muitos falaram mal da Celg. Mas a empresa levou energia elétrica à zona rural, aos distritos mais afastados e às cidades que não dão retorno econômico nos quatro cantos do Estado. Enquanto ela era estatal, o governo era obrigado a levar energia elétrica a esses lugares. Privatizada, a empresa não vai levar prejuízo.
Não é o momento ainda de se privatizar toda a Celg. Temos ainda alguns cantos de Goiás onde é preciso levar energia, principalmente no Nordeste goiano.
“No lugar de ficar cortando gratificação dos pequenos e ficar nomeando altos salários de R$ 15 mil, R$ 20 mil, o governo tinha de fazer intervenções profundas, que resgatem a economia do Estado”
Euler de França Belém – E quanto à Iquego, o sr. é favorável a privatizá-la?
A Iquego está quebrada há anos e o governo insiste em mantê-la. A empresa produz remédios, mas o que se vende não paga o custo, por isso deve ser privatizada. No lugar de ficar cortando gratificação dos pequenos e nomeando altos salários, como tem no Diário Oficial, de R$ 15 mil, R$ 20 mil, o governo tinha de fazer intervenções profundas, que realmente resgatem as economias do Estado.
Euler de França Belém – Procede que há secretários que recebem o salário de R$ 22 mil, mas que participam de conselhos e chegam a ganhar R$ 40 mil? Quantos conselhos são?
Existem conselhos em todos os lugares. Essas pessoas que vieram ocupar cargos de segundo escalação, em superintendências, têm salário de R$ 14 mil. Todo final de semana, elas retornam às suas cidades para rever as famílias. Como o salário não seria suficiente para arcar com as despesas, os salários estão sendo complementados com a participação de conselhos. No caso da Secretaria da Economia, por exemplo, há o Conselho Administrativo Tributário. As informações são de que esses complementos são de R$ 9 mil a R$ 15 mil. Temos de investigar a veracidade.
A Saneago anunciou um aumento de 5,79% na tarifa de água. Em 2018, a empresa teve lucro e dividiu parte com os funcionários. Tem funcionário que ganhou mais de R$ 30 mil, R$ 40 mil. Dizem que um conselheiro da Saneago ganha mais de R$ 30 mil. A maioria desses cargos é usado para acertar conchavos políticos. É tirar do bolso do povo para pagar apadrinhados políticos, cobrando-se do povo para pagar os protegidos.
Euler de França Belém – O governador Ronaldo Caiado diz que está acabando com a roubalheira no Estado. Mas já há corrupção no governo Caiado ou não?
Existe corrupção no governo Caiado e foi provado isso. A Polícia Civil prendeu há poucos dias um assessor nomeado pelo Caiado lá na Secretaria da Educação. Era um cargo de confiança do governador, era superintendente. E foi nomeado pelo governo Caiado.
Vi o governador nas redes sociais dizendo que a “polícia dele” prendeu. Não, a polícia não é dele, é do Estado de Goiás. Foi ela que prendeu um assessor nomeado pelo Caiado. Então, existe corrupção comprovada nesse governo.
Euler de França Belém – A apuração da CPI dos incentivos fiscais é séria ou tem a ver com vinditas políticas também?
Temos de acreditar nas pessoas. São vários deputados nessa CPI. Há 20, 30 anos, Goiás era pecuário, não havia nem agricultura direito. Para industrializar o Estado e gerar empregos, foi preciso dar esses incentivos, senão as empresas não viriam para Goiás. As montadoras e as empresas do polo farmacêutico de Anápolis não estariam em Goiás. Foi preciso dar as condições necessárias, uma ação fiscal melhor.
São Paulo, que chegou a entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Goiás, por causa dos incentivos fiscais, agora começou a dar incentivos fiscais. Quando Goiás, no governo Caiado, corta esses incentivos, está andando na contramão. É perigoso todas as indústrias migrarem de Goiás para São Paulo, pois lá há uma logística muito melhor. O empresariado não tem paixão, ele visa lucro e, se Goiás não der [lucro], ele vai para onde der.
Euler de França Belém – O deputado Gustavo Sebba (PSDB) acha que a Mitsubishi não fica em Goiás. O sr. acredita nessa hipótese?
O governador tem de entender que por trás dessas indústrias há geração de emprego. Quem trabalha consome e paga imposto. Goiás é o segundo Estado que mais perde emprego no Brasil. Nesses seis meses, não avançamos, estamos andando para trás.
Quem precisa de uma UTI na rede pública, tem uma grande chance de morrer. A segurança não vai bem, a educação, pior ainda. A arrecadação do Estado está caindo. Estamos sem gestão, essa é a verdade. Torço para que o governo reaja, que o governador pare de reclamar e mostre a que veio e comece a administrar o Estado. Temos um grande Estado, o povo é ordeiro e trabalhador.
Euler de França Belém – O sr. fala muito da gestão Caiado, mas não da gestão do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, que está pecando muito na saúde e na educação, mas se preocupa em construir viadutos e trincheiras.
O maior problema do prefeito Iris Rezende é na área da saúde. Essa semana eu tive de procurar a secretária Fátima [Mrué, Saúde] para tentar salvar uma pessoa que não encontrava uma UTI. Em Goiânia, todo cidadão que precisa de atendimento pelo SUS [Sistema Único de Saúde] tem de ir, primeiro, a um Cais, que depois o encaminha aos hospitais. O segundo maior problema de Goiânia é a limpeza urbana. A Comurg está muito falha, o matagal toma conta de muitas áreas.
O Iris conseguiu sanear a Prefeitura, que ele pegou com uma dívida muito grande. Mas há uma diferença entre ele e o Caiado: o Iris levou o problema para a população e começou a trabalhar, não ficou seis meses reclamando. Ele sempre foi um administrador de obras. Goiânia foi muito asfaltada por ele. Nesses dois próximos anos, vai fazer os viadutos e asfaltar. Em termos de obras, ele é um bom prefeito. Mas em termos da saúde ele tem falhado. Quem precisar de uma UTI hoje em Goiás, tem uma chance muito grande de ir a óbito.
Euler de França Belém – O seu partido, PTC, apoia o Iris. Vai apoiar a reeleição dele?
Quem cuida dessa área é meu irmão, Fernando [Meirelles, diretor da Agehab], que tem um compromisso com o Iris. É bem provável que o PTC vá apoiá-lo para a reeleição. Isso não quer dizer que eu vá apoiá-lo, pois sempre fui muito independente. Espero que o prefeito termine sua gestão bem.
Euler de França Belém – O sr. acha que o Iris vai disputar a reeleição?
Iris Rezende está com 85 anos. Acho que ele vai entrar para o Livro dos Recordes, disputando uma eleição com quase 87 anos e encerrando o mandato com 91. E, se ainda tiver saúde, ainda vai querer disputar um novo mandato.
O Iris é uma máquina. Quem dera que todos pudéssemos chegar à idade dele com a mesma capacidade física. Mesmo que alguns achem que a idade dificulta, o prefeito tem superado isso.
Euler de França Belém – O sr. é muito condescendente com o Iris e muito agressivo com o Caiado. Mas o prefeito não aplica o porcentual constitucional em educação e o sr., embora tenha sido vereador de Goiânia, não fala uma palavra sobre isso. Por quê?
Porque não acompanho de perto a gestão dele.
Euler de França Belém – O sr. não lê os jornais?
Leio, mas nem tudo o que está nos jornais é o que realmente está acontecendo. Sou deputado, não sou vereador, mas participo da vida da cidade em que nasci e onde moro. O Iris tem feito uma administração com dificuldade. Fiz aqui a crítica pontual em relação à saúde e à limpeza da cidade.
Euler de França Belém – O sr. costuma ouvir muito os prefeitos. Como eles estão avaliando o Ronaldo Caiado? O governo está ajudando?
Estão aguardando o governador Caiado tomar um prumo em relação à administração. Quando os prefeitos procuram o governo em busca de ajuda financeira, saem tão decepcionados que querem até colocar a mão no bolso e emprestar [dinheiro] para o governador, porque só ouvem lamentações.
As prefeitas de Itapirapuã [Zélia Camelo] e da Cidade de Goiás [Selma Bastos] foram chamadas para uma reunião na Goinfra. Foi proposto que elas fizessem a manutenção na rodovia [GO-070], a Goinfra daria o apoio técnico. Ou seja: toda a despesa ficaria por conta das prefeituras. Ora, se as prefeituras mal estão dando conta de tampar os buracos das ruas de suas cidades, imagine os das rodovias.
O que me deixa decepcionado é sair uma proposta dessas. A Goinfra pediu essa parceria, sem lógica, a todos os prefeitos. O pequeno é que procura o maior, da mesma forma que o governo de Goiás está procurando o governo federal. Mas aqui, o governo está jogando toda a responsabilidade da manutenção das rodovias para os prefeitos.
O que se nota é que entrou um governo sem experiência, que está aprendendo a cada dia que passa. Mas o governo está lento, as coisas não estão acontecendo e o povo, sofrendo. Ronaldo Caiado só vai saber mesmo o que governo quando estiver terminando o mandato.
Euler de França Belém – A base governista ficará maior ou menor após a eleição de 2020?
Caiado é um estrategista, que joga bem. Ele não tem condições de ajudar ninguém agora. Então, pouco vai entrar nas eleições do ano que vem. Se mal está conseguindo governar, como vai entrar com grandes obras nos municípios? Ele não tem dinheiro para isso.
Então, vai aguardar o ano que vem, deixar passar as eleições, e só vai agir politicamente no interior a partir do terceiro ano [de mandato], quando as urnas definirem quem é quem. O governador vai se aproximar dos prefeitos que ganharem ano que vem. Os que estão no atual mandato, vão pagar caro. Até porque a grande maioria apoiou o José Eliton. O Caiado pensa assim, esses prefeitos não têm compromisso com ele. Na verdade, ele deveria ser um republicano e ajudar a todas as prefeituras.
Euler de França Belém – Como o sr. avalia o serviço da Enel?
Tem deixado muito a desejar, tem um dos piores serviços prestados no País. O governo do Estado, junto da CPI da Assembleia Legislativa, tem como cobrar bastante dela. A Enel tem de fazer investimentos, mas parece que só veio aqui para ganhar dinheiro e mandá-lo para fora. A AGR [Agência Goiana de Regulação] deveria atuar e penalizá-la. O governo tem o instrumento para se fazer, mas não faz, não se sabe por quê.
Euler de França Belém – Por que o sr. não sugere ao Procon ter um balcão para atender só as reclamações contra a Enel?
Para sugerir tem de saber para quem. Não tem ninguém à frente do Procon até hoje. O grande problema está aí: a falta de gestão. Entramos no sexto mês. Procure saber quem realmente responde pelo Procon, quem são os diretores da Goinfra.
No governo Alcides [Rodrigues] a desculpa era a mesma: a terra arrasada. Quando não se dá conta de administrar o Estado, a justificativa mais fácil para dar satisfação ao povo é reclamar do passado. O governador tem direito de reclamar, mas tem de trabalhar. O Estado está parado e vai parar mais ainda.
Estou fazendo uma previsão: sem um plano de arrecadação, da forma como o governador está levando o Estado, ele não dará conta de pagar a folha de julho, que vence em agosto. Os atrasos vão começar agora, em julho.
Euler de França Belém – Então o sr. acha que a vida da oposição em 2022 será mais fácil? O Daniel Vilela, o Alexandre Baldy e o Vanderlan Cardoso têm muita chance de conquistar o governo?
Torço para que o governo reaja, mas, do jeito que as coisas estão, não é preciso fazer oposição. O próprio Caiado faz oposição a si. Ele mesmo vai fazer renascer as pessoas que saíram do governo.
Rodrigo Hirose – Uma reconciliação do sr. com o governador é impossível?
Não, torço para que ele reaja e faça um bom governo. O que ele precisar de ajuda, estou disposto a fazer. Só que não posso aceitar tantos erros de início. Como posso concordar com o fechamento de mais de 40 escolas e com acabar com as escolas integrais? Como concordar com o corte de gratificação no Vapt Vupt, alegando economia, mas no mesmo projeto criar mais de 1 mil cargos comissionados?
O problema da imprensa goiana é que ela acha que, quando você critica, é por outros interesses. Não estou contrariado com o governo. Sinto-me envergonhado de ter apoiado um governador que até agora não mostrou a que veio. Torço para que ele deixe de picuinhas, que faça que esse Estado progrida, saia do atoleiro e gere empregos.
Caiado não votou em mim, mas eu votei nele, por isso tenho direito de cobrar. Como a maioria dos goianos. Faça uma pesquisa sobre o que a população pensa dele. Até a autoestima dos goianos está caindo, pois toda vez que o governador vai para a televisão é só coisa ruim, só problema. Ninguém quer ouvir isso do governador, mas sim que Goiás está melhorando, progredindo, gerando emprego, pagando a folha, nomeando os concursados, melhorando a saúde.
Se você hoje precisa da saúde pública para se salvar, vai morrer. A saúde pública em Goiás é uma vergonha. O governador sendo médico já tinha de ter agido e se juntado ao prefeito Iris Rezende para resolver essa questão. Se não dá conta de resolver todos os problemas, pelo menos um, a saúde.
Vai à porta dos Cais para ver. E não é só culpa do prefeito, é do governador também. [Algumas cidades] Não têm nem IML [Instituto Médico Legal]. Se alguém morrer em Aragarças, o corpo tem de vir a Goiânia, para depois voltar para ser enterrado.
Euler de França Belém – Mas em seis meses não é possível resolver tudo.
Tudo não, mas com seis meses sabe-se pelo menos o sentido do governo. Mas, até agora, o governo está perdido. Tem gente morrendo na porta de hospital. É humilhante, sofrimento demais. Ele, por ser médico, teria de pelo menos resolver aquilo que ele conhece bem.
Euler de França Belém – Mas não é um problema maior da Prefeitura de Goiânia que o sr. está jogando para o governo estadual?
A responsabilidade não é só do prefeito, não o estou inocentando. O que estou dizendo é que o problema da saúde tem de ser resolvido. O poder do governador é muito maior que o do prefeito. Eles têm de se unir.
O hospital de Aparecida de Goiânia, por exemplo, tem sido uma referência. Olha a administração do prefeito de Aparecida [Gustavo Mendanha]. Desde que o Maguito [Vilela] foi prefeito, a cidade tem melhorado muito.
Hoje é o cidadão de Goiânia que deveria ser atendido em Aparecida de Goiânia, pois a saúde de lá é muito melhor do que o que está sendo oferecida na capital. O Governo do Estado é situado na capital, então a responsabilidade dele com Goiânia é muito grande. Os grandes hospitais públicos de Goiás estão em Goiânia: Hugo, Hugol, HGG.
O secretário da Saúde do Estado [Ismael Alexandrino Júnior] deveria se reunir com a secretária de Goiânia [Fátima Mrué] e resolver o problema. O cidadão que vem do interior para a capital buscar atendimento acaba morrendo, porque não tem UTI.
Euler de França Belém – Sejamos justos. Se o paciente vai para o Hugol, HDT, Crer, tem um bom atendimento. O problema está nos Cais, que são da Prefeitura, não?
A responsabilidade da saúde, em primeiro lugar, é do Estado. Todo cidadão que vem do interior buscar atendimento em Goiânia é de responsabilidade do Estado. Temos uma calamidade, quem não tem plano de saúde corre o risco de morrer. Isso tem de ser resolvido em nível estadual.
Quando acontece um problema no interior, o paciente não vem direito para o Hugo ou para o Hugol. Só se for emergência. O Estado tem de assumir a regulação, como o José Eliton tentou fazer. O Estado está se omitindo. Tem de assumir o problema e resolvê-lo.
Euler de França Belém – O sr. vai para o Tribunal de Contas dos Municípios ou não há vaga?
Antes de pleitear ir para o Tribunal de Contas, tem de ter vaga. A maioria dos conselheiros nem tem idade para se aposentar. Da minha boca isso nunca saiu.
Euler de França Belém – Mas dizem que há um acordo na Assembleia.
No passado, postulei, quando a vaga foi oferecida ao Joaquim de Castro. Na época, havia uma divergência entre nós, então coloquei meu nome mais como posicionamento político. Mas isso é passado, bola para frente. Esse foi um dos motivos por que deixei de apoiar a eleição do José Eliton para governador e a do Marconi Perillo para o Senado.
Sempre fui muito independente e falei o que penso. Nunca tiver um processo, porque nunca caluniei ninguém. Trabalho muito, ajudo meus eleitores em um trabalho de formiguinha. Tenho oito mandatos e eles são a resposta que tenho de dar a todos.
Não tenho nada contra o governador ou contra a família dele. Só não concordo com a forma dele administrar. Quando estava na base do Marconi, fiquei conhecido como um deputado rebelde, porque também fui crítico. Sou assim e não vou mudar, seja nesse governo ou no que vier. Por que mudaria, se meus eleitores gostam dessa forma? A cada eleição, sempre aumentei meus votos.