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Nova York mobilizou até policiais à paisana contra bolsonaristas que atacaram ministros do STF

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os ataques de bolsonaristas contra cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que participaram de um evento do grupo Lide em Nova York nesta semana mobilizaram a polícia da cidade norte-americana e até mesmo a polícia diplomática dos EUA.

Na segunda-feira (14), primeiro dia do Lide Brazil Conference —e dos protestos— , o Departamento de Polícia de Nova York (New York Police Department, ou NYPD), alertado pelo consulado-geral do Brasil na cidade, chegou a enviar oito policiais para a porta do Hotel Sofitel, onde os magistrados estavam hospedados.

Com o aumento da agressividade dos manifestantes, o efetivo quase dobrou no dia seguinte, para 15 policiais.

Cerca de metade deles eram do setor de inteligência e se vestiam à paisana e não eram identificados como agentes pelos bolsonaristas, segundo uma fonte diplomática que participou das negociações com o NYPD.

A outra parte estava uniformizada e fazia o policiamento ostensivo. E outro grupo usava uniformes de tropa de choque. Sete viaturas tiveram que ser deslocadas para o hotel.

O Departamento de Estado dos EUA também foi acionado pelo consulado, e enviou agentes da polícia diplomática do país para monitorar os bolsonaristas.

Os protestos já eram previstos, mas a virulência dos manifestantes no primeiro dia surpreendeu: além de berrar e xingar, os bolsonaristas se aproximaram fisicamente de ministros, bateram nos óculos da mulher de um deles –e chegaram a se jogar na rua na frente de uma Van que os transportava, dando socos no carro para tentar impedir a viagem.

Outros convidados do evento também foram importunados, ouvindo gritos como “f.d.p”, “corja”, “comunistas”, “vagabundos” e ameaças golpistas de que seria todos “presos pelos militares”.

Um manifestante chegou a invadir o Hotel Sofitel para assediar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

Temendo o descontrole dos manifestantes, o consulado pediu reforço ao NYPD, e o efetivo policial praticamente dobrou.

A tensão em torno do evento, marcado para os dias 14 e 15 deste mês, começou no início de novembro.

Organizado pelo grupo da família do ex-governador de São Paulo João Doria, o Brazil Conference convidou empresários e economistas para debates com os ministros do STF.

A presença dos magistrados na cidade mobilizou o consulado-geral do Brasil: embora o evento fosse privado, já no dia 2, a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo comunicou o Itamaraty sobre a necessidade de apoio logístico aos integrantes do Supremo.

A luz amarela sobre a segurança acendeu no dia 10, quando um co-organizador da conferência telefonou ao consulado para dizer que tinha recebido “uma quantidade absurda de mensagens de protesto e de anúncios de manifestação”.

A embaixadora Farani Azevêdo enviou então mensagens ao próprio STF fazendo o alerta, e passou a conversar com a polícia de Nova York, o NYDP, sobre a possibilidade de protestos.

O departamento informou que destacaria policiamento ostensivo para o local.

O consulado oficializou então o pedido de apoio tanto ao NYDP quanto ao Departamento de Estado (DOS), que comunicou que enviaria agentes da polícia diplomática para monitorar os protestos.

A convocação dos protestos passou a ser monitorada também pelas redes sociais: os manifestantes diziam que “recepcionariam” os magistrados para se manifestar contra “a censura no Brasil”.

Com a agressividade inicial dos protestos, o consultado voltou a pedir providências ao NYPD, fazendo alertas também à embaixada do Brasil em Washington e à embaixada norte-americana em Brasília.

“O nível de violência foi grande”, dizia um dos comunicados diplomáticos, informando que o próprio hotel comunicara ter oferecido serviços adicionais de segurança para serem contratados pelo Lide.

Do Brasil partiam também mensagens do STF, informando o consulado que ministros relatavam que manifestantes estariam adentrando o saguão do hotel, constrangendo magistrados e seus familiares e depredando veículos.

A embaixadora Farani Azevêdo foi ao encontro dos magistrados no hotel Sofitel. Da reunião participaram também policiais de Nova York.

Com a chegada do reforço, os xingamentos continuaram. Mas os ministros e demais convidados puderam se locomover sem risco à sua segurança física.

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