Presidente da Câmara, Lira nega que fala sobre “sinal amarelo” tenha sido recado para Bolsonaro
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) negou na noite desse domingo (2.mai.2021) que tenha criticado a gestão de Jair Bolsonaro ao dizer que o Legislativo não iria tolerar mais erros na condução do combate à pandemia.
“O Brasil cometeu erros, os governos, os prefeitos, todos cometeram. Meu discurso não foi um recado ao presidente da República”, disse Lira em entrevista ao programa Canal Livre, da Band.
A fala de Lira sobre os erros cometidos durante a pandemia foi em 24 de março, quando oBrasil ultrapassou a marca dos 300 mil mortos por covid-19. A declaração ocorreu no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro fez uma reunião com chefes dos Poderes e governadores para discutir o combate ao coronavírus e anunciou a criação de um comitê para o acompanhamento da pandemia.
Na época, Lira falou que estava acionando um “sinal amarelo” e mencionou remédios políticos “amargos” e “fatais”. Leia a íntegra do pronunciamento.
“Não podemos fazer a política personificando em A ou B. Não temos que avaliar quem está errando ou acertando, mas, sim, o erro”, declarou Lira nesse domingo (2.mai).
“Não tenho dúvidas de que os erros vão aparecer. Eu sempre me postei contra a CPI, antes da eleição e depois dela. Nós não vencemos a pandemia, ainda estamos com ela em curso, não adianta fazer juízo de valor”, continuou.
“Os nossos esforços deveriam ser para arrumar leitos, oxigênio, não deixar faltar insumos, correr atrás de vacina e mostrar ao mundo que o Brasil é um país importante e que passa por dificuldades.”
Segundo Lira, a CPI da Covid, instalada no Senado na última semana, não deve aumentar a pressão por um possível impeachment de Bolsonaro.
“Eu sou discípulo do [Rodrigo] Maia [ex-presidente da Câmara] com relação a isso. O presidente da Câmara tem que ter um papel de neutralidade. Não posso pautar um pedido e achar que ele preenche os requisitos necessários para, depois, no Plenário, não ter votos, não ter mobilização de rua ou circunstâncias externas que mobilizem”, falou.
“O Maia teve muita responsabilidade mesmo sendo contrário ao Bolsonaro. Ele não encontrou nos pedidos nenhum pressuposto para abrir uma medida extrema. É a mesma leitura que eu faço.”
REFORMA TRIBUTÁRIA
Sobre a reforma tributária, Lira declarou que os líderes e principais atores da questão foram comunicados sobre o acordo de fatiar o projeto em 4 partes para votar.
“Não é verdade que os líderes não foram consultados, falei com todos”, declarou. “Não poderei tratar um assunto desse sem o conhecimento deles.”
Lira disse que conversou ainda com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com o ministro Paulo Guedes (Economia) e com Bolsonaro.
O relatório da reforma deve ser apresentado nesta 2ª feira (3.mai) pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Lira disse acreditar que esse “fatiamento” aumente as chances de votação das mudanças tributárias. “Temos a obrigação de fazer com que o país tenha a oportunidade de fazer uma gestão de suas contas”, afirmou.
“O país não pode continuar com essa dificuldade de se saber como vai se portar ou defender do pagamento dos seus impostos.”
O presidente da Câmara falou que todas as etapas possuem temas difíceis. Segundo ele, os complexos, como a criação de um imposto nos moldes da antiga CPMF, ficam para o final.
Perguntado se era a favor do imposto, respondeu que precisa ser “otimista” sobre os temas votados, mas que deve se manter neutro enquanto presidente da Câmara para ouvir todos os lados.
“A [legislação] tributária já faliu. É um sistema que está prejudicando a todos, prejudicando o desenvolvimento do nosso país. A falta de uma segurança fiscal, de uma segurança jurídica, impede o atrativo de investimentos”, declarou Lira.
“Então, se a gente parte do princípio de que nós precisamos [da reforma], se a gente parte do princípio que a gente pode organizar isso deixando os egos e as vaidades de lado e partindo para uma conversa franca e clara, acertando os procedimentos, lógico que vamos encontrar um caminho.”