Quem mandou matar Marielle? Entenda os próximos passos da investigação
terça-feira, julho 25, 2023
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A prisão do ex-bombeiro militar Maxwell Simões Correa, o “Suel”, nesta segunda-feira, 24, e a delação premiada de Élcio de Queiroz abriram novos caminhos para a investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, mortos a tiros de submetralhadora na noite do dia 14 de março de 2018. Como confirmou o ministro da Justiça Flávio Dino, a mecânica do dia do crime já foi esclarecida, mas as investigações ainda precisam responder várias perguntas — principalmente, quem foram os mandantes e quem financiou o crime.
Queiroz fez um acordo de delação premiada na Justiça no dia 14 de junho e revelou informações que podem ajudar as investigações a avançarem nesse quesito. Além de confirmar o atirador foi Ronnie Lessa — um ex-policial militar do Rio de Janeiro que está preso preventivamente desde março de 2019, suspeito pelo assassinato —, o delator ainda apontou o enriquecimento rápido do acusado.
Ronnie Lessa foi confirmado como atirador no assassinato de Marielle Franco
O delator disse que não acreditava na versão do comparsa de que não teria recebido “um centavo” pelo assassinato de Marielle. Na delação, ele disse às autoridades que Lessa subiu o padrão de vida depois do crime. O ex-policial militar teria comprado uma Dodge Ram blindada – veículo que custa pelo menos R$ 350 mil -, uma lancha e estava planejando construir uma casa de praia em Angra dos Reis.
Queiroz ainda disse que Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como “Macalé”, teria sido o contratante da dupla, abrindo a cadeia de mandantes.
“Macalé” era policial militar e morreu assassinado em 2021, em circunstâncias suspeitas. Relatos de testemunhas mostram que ele caminhava por Bangu, zona oeste do Rio, quando foi alvejado por homens em um automóvel. Ele estava com uma pistola, mas os responsáveis pelo crime não levaram a arma nem seus documentos.
Na delação de Queiroz, o ex-militar foi apontado como um dos mentores do crime, por ter supostamente auxiliado no monitoramento da rotina das vítimas. Ele também teria fornecido o veículo usado no dia do crime. A morte extingue a punibilidade penal — por isso, não há mais nada que possa ser feito em relação a “Macalé” —, mas a confirmação da sua participação no caso abre linhas da investigação.
Outros detalhes em torno do crime também foram esclarecidos na delação. Um deles é a origem da arma usada no assassinato. A submetralhadora, de uso restrito, nunca foi encontrado. Lessa e outras três pessoas foram condenados por terem jogado ele ao mar. De acordo com Queiroz, o armamento foi extraviado do acervo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio durante um incêndio nas dependências da corporação.
Parte da delação premiada permanece em segredo de Justiça. Com a dinâmica do crime esclarecida, os próximos avanços da investigação devem aproximar as autoridades da descoberta do mandante do crime, do financiador e da motivação. Ou seja, quem e o porquê do assassinato de Marielle.
Nesta segunda, questionado sobre os próximos andamentos do inquérito, Flávio Dino disse que “não tem condições” de revelar as próximas etapas do caso, o que, segundo ele, “seria errado e impossível” indicar isso no momento. No entanto, o ministro assegurou que as investigações devem ter “novos passos”. “O que eu posso afirmar aos senhores é que haverá novos passos, exatamente a partir dessa novidade que é a delação do senhor Élcio de Queiroz”, disse Dino.