A bipolaridade encantadora do empresário brasileiro, sempre se preocupando com o bem-estar de seus funcionários… Não é lindo?

Temos um 1º de Maio com razões para celebrar. A revitalização do Brasil, liderada pelo governo Lula, consiste, acima de tudo, na restauração da dignidade e na melhoria das condições de vida da população trabalhadora.

Ontem (01/05), nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um gesto de extrema generosidade, presenteou o trabalhador brasileiro com duas notícias espetaculares. Uma delas afeta diretamente aqueles que servem como mão de obra baratíssima para os nobres empresários. A outra notícia, igualmente maravilhosa, atinge os trabalhadores e pobres de Direita que, abençoados sejam, acreditam piamente que fazem parte da seleta elite brasileira, o reajuste da tabela do imposto de renda. Devo contar essas novidades incríveis ou vocês gostariam de compartilhar a alegria?

Com um sorriso no rosto, o presidente Lula determinou que o salário mínimo seja de R$ 1.320,00 a partir de ontem. Com isso, o empresário, em sua luta heroica contra a malvada Esquerda que deseja dar direitos e benefícios a seus… digamos, escravos – quero dizer, funcionários – vai enfrentar um verdadeiro pesadelo. Preparem-se para testemunhar as mais criativas e diversificadas ondas de demissões, ameaças e outras iniciativas intimidadoras, tudo em nome do bem-estar daqueles que foram tão injustamente esquecidos desde o golpe contra a presidenta Dilma.

Ah, vamos abordar o tema mais fascinante do título deste artigo: BIPOLARIDADE E FALTA DE CARÁTER. Exatamente, a ausência de caráter de muitos empresários é algo tão intrigante que deveria ser objeto de estudo em universidades renomadas para desvendar o mistério por trás de suas atitudes e mentiras contra a classe trabalhadora.

Nos últimos 6 anos, presenciamos aumentos em praticamente tudo, desde contas de água, luz, tarifas telefônicas e de internet até planos de saúde, mensalidades escolares, transporte coletivo, alimentação, vestuário e lazer. Esses aumentos, justificados pelos generosos empresários, são para cobrir os custos das matérias-primas e mão de obra. Contudo, é curioso que sejam esses mesmos altruístas empresários que, em um surto de transtorno de caráter, critiquem os aumentos concedidos aos trabalhadores.

Vamos refletir juntos, caros leitores… O que nossos adoráveis empregadores desejam além de nos manter na mais profunda miséria? Pode soar absurda minha indagação, mas ela tem toda a lógica do mundo. Tudo que compramos para consumo e uso teve aumentos, aumentos esses propostos pelos próprios empresários, que em sua infinita bondade só querem o melhor para nós. Entretanto, na hora de conceder um aumento que permita aos trabalhadores manter seu poder de compra, nossos heroicos empresários se transformam em vítimas de uma cruel penúria.

E como não mencionar a imprensa, essa valiosa aliada dos empresários, mantida pelo capital e pelo sagrado “mercado”? Temos comentaristas ilustres como Vera Magalhães, que em minha humilde opinião, assume o papel de PORTA-VOZ DO MERCADO. Ela diz o que o empresário deseja, mas com uma pitada de imparcialidade e bom senso, adquiridos ao comprar as opiniões de pessoas como a referida jornalista. Vou utilizar a mesma lógica do ex-juiz enxadrista, outrora tão elogiado por Vera: Não tenho provas, mas tenho convicção. Convicção de que não estou errado. Afinal, divido espaço com várias “Veras” nas redações onde trabalho e círculo. É de arrepiar!

Caminhando para o grand finale, não posso deixar de aplaudir o presidente Lula pela brilhante iniciativa de cumprir a promessa de campanha de isentar trabalhadores que ganham até 5 mil reais do imposto de renda. Isso vai aliviar as contas de muitos brasileiros. Mas e aquele grupo de seres iluminados que repetidamente bradam: “Faz o L”? Eles parecem ter esquecido que o “Mito” não quis atualizar a tabela do imposto de renda, obrigando um grande número de trabalhadores a pagar esse ano o imposto. E a culpa, é claro, vai cair sobre quem? O atual presidente, com o coro amplificado pela imprensa comprada, muitas vezes com dinheiro público.

Ah, que absurdo ser de Esquerda só por querer que as pessoas tenham as mesmas oportunidades dentro de sua adorável casta na pirâmide social. Igualdade e respeito? Pfff, é o mínimo que desejamos, mas hoje mais do que nunca, é algo que praticamente imploramos. O que presenciamos são esses nobres agentes públicos, eleitos pela base da pirâmide, que, em sua infinita generosidade, trocam votos por promessas mentirosas, cestas básicas, dentaduras, lotes, telhas ou até mesmo ameaças, sempre agindo em desfavor daqueles que os elegeram. Como são bondosos!

Uma vez com o mandato em mãos, esses altruístas representantes do povo dão as costas para seus eleitores e começam a trabalhar incansavelmente pelos grandes e benevolentes grupos empresariais do nosso país. Ah, sim, trabalham dia e noite para os magnatas do capital, que sempre pensam no bem-estar dos menos afortunados. Esses agentes públicos se esquecem de que, apesar de parecerem intocáveis sobre a terra em que pisam, quando morrem, tornam-se iguais e, muitas vezes, ainda piores na decomposição de seus corpos. Que ironia, não é mesmo?

Luiz Cláudio do Nascimento Cavalcante
Assessor Parlamentar – Câmara Municipal de Goiânia
Servidor Público do Estado de Goiás (Assistente em Comunicação)
Membro da Executiva do Sindicato dos Jornalistas de Goiás – SindJor/GO