Artigo: A nova geração de jornalistas

Ah, esta nova geração! Principalmente de comunicadores!
Deveriam ter a gratidão da partilha! Que saudade do meu tempo de aprendiz! Saia de bicicleta com um gravador imenso nas mãos para fazer reportagem!
Me pendurava em árvores para fixar fios para transmissões!

Lembro das coberturas jornalísticas que fiz. Algumas marcaram: No enterro da Menina Leide das Neves, vitima do Césio 137, onde a ignorância do Deputado José Nelton, foi um dos que jogaram pedras no caixão da pequena Leide das Neves, tentando impedir o enterro do corpo da inocente vítima.

Para fazer a narração do que acontecia, improvisei um Jacaré – algo que a nova geração nunca ouviu falar – em um orelhão para levar a informação.

Na cidade de Itumbiara, fiz reportagem de um jogo em cima de uma arvore, pois o técnico deixou o fio enrolado no topo e não havia como estica-lo para dentro do Estádio.

No meu tempo não havia computadores, internet e nem o Dr. Google. Tudo era feito na boa maquina de escrever. Não havia celular!

Quando saia para fazer matérias lia sobre o fato. Coberturas de eleições, passava dias e noites dentro de ginásios esperando pela contagem das cédulas, com o cuidado de me manter acordado para não deixar o ouvinte sem informação precisa e como diziam “em cima do fato!”

Passei mais de 15 anos na escola do Rádio antes de me atrever a colocar a cara na televisão!

Rádio, sim! A maior faculdade de comunicação, na minha opinião. Isto sem contar alguns anos na cadeira dura de uma redação de jornal, escrevendo, em maquinas de datilografia, matérias que o editor simplesmente rasgava por pequenos erros.

A geração de hoje, com raríssimas exceções, é outro papo! Nunca ouviu falar de Telex, Cartucheira, gravador de rolo, mimeógrafo entre outras peças de museus. Hoje é tudo pronto. Tem internet; tem o Google; tem o Ctrl “C” e o Ctrl “V”.

Para meu espanto, o MEC aceitava Hinos de times de futebol e receitas culinárias nas provas de redações.

No meu tempo de repórter era obrigado a ter conhecimento profundo sobre todos os assuntos. Desde política até religião.

Ainda dizem que sou mal educado quando digo a um iniciante de minhas experiências. Deveriam entender, na verdade, que tento oportunizar sonhos e não antecipar fama.

Em uma entrevista com Marcelo Barra, quando me agradeceu pelo espaço, tive a coragem de dizer que não sou nada. Sou apenas uma pessoa conhecida e que se saísse do meio jornalístico, em poucos dias, seria esquecido. Disse ao Marcelo Barra que ele sim era uma celebridade. Pois suas canções serão cantadas eternamente.

E porque estou escrevendo este texto? Porque li no Face uma pessoa dizendo-se humilhada porque disse que temos que ter respeito com o telespectador; desde a aparência até os limites. Estudantes de Jornalismo não são Deuses. Fazer Jornalismo não é fazer comercial e nem novela.

Fiz uma observação sobre a cor da roupa, dizendo não ser apropriada “para reportagem.”

Para meu espanto, fui citado como preconceituoso e invejoso no face porque uma apresentadora de “Estudio” também usava a mesma cor da roupa. Citou a apresentadora de estúdio como símbolo de melhor jornalista do mundo e insinuou que eu estava errado.

Concordo em tudo o que foi dito. Mas faço apenas uma observação. A apresentadora de Televisão, usada como exemplo, pode vestir a roupa que quiser, pois ela é possuída de conhecimentos adquiridos durante décadas de estudo.

Ao me ofender com uma comparação simplista, uso de uma parábola como resposta:
“Todos os dias, uma lebre passava correndo entre as arvores, fugindo de seus predadores. Um dia olhou para cima e viu um corvo no topo da arvore muito calmo. Então perguntou: Corvo posso ficar aqui na sua arvore? Prontamente o corvo respondeu que sim. No dia seguinte um lobo fez da lebre a sua primeira refeição!”
Moral da historia: se queres ser igual ao corvo, espere criar asas!

Mas eu continuarei a dar oportunidades para os novos profissionais. Alguém terá que nos substituir. Mas que seja pela inteligência e não pela roupa.