Aliados de Trump vêm aconselhando clã Bolsonaro após derrota, diz jornal

Segundo “Washington Post”, Eduardo Bolsonaro se encontrou com Trump e travou discussões com ideólogo Steve Bannon e ex-assessor Jason Miller para discutir “próximos passos” da extrema direita brasileira após eleição.

Aliados do ex-presidente de ultradireita Donald Trump têm aconselhado o clã Bolsonaro sobre “os próximos passos” que devem ser tomados após as eleições presidenciais brasileiras, aponta reportagem do jornal americano Washington Post.

De acordo com a publicação, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho “03” do presidente brasileiro, teve um encontro com Trump em Mar-a-Lago, resort de luxo que pertence ao político republicano, em Palm Beach, no estado Flórida, após a derrota de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora o conteúdo das discussões entre Trump e Eduardo não tenha sido revelado pelo jornal, a publicação aponta que o deputado travou conversas mais explícitas sobre o quadro político brasileiro com aliados do republicano.

Ao jornal, o ex-assessor de Trump e estrategista de ultradireita Steve Bannon confirmou que conversou com o deputado brasileiro sobre o “poder dos protestos pró-Bolsonaro” e potenciais contestações ao resultado da eleição.

Por sua vez, Jason Miller, ex-assessor de Trump e conselheiro da campanha do republicano em 2020, confirmou ao jornal que almoçou com Eduardo na Flórida e que eles discutiram “censura digital” e “liberdade de expressão”.

Segundo o jornal, nem Trump nem Eduardo Bolsonaro responderam aos questionamentos dos jornalistas que escreveram a reportagem.

Ainda de acordo com o jornal, as conversas de Eduardo com os aliados de Trump “espelharam debates que se desenrolam em Brasília”, onde apoiadores de Bolsonaro estão discutindo os próximos passos do seu “movimento populista conservador”.

Washington Post avalia que esse movimento passa por uma situação similar à enfrentada pelos trumpistas logo após a derrota do republicano em 2020.

Steve Bannon, que atua como estrategista de movimentos de ultradireita pelo mundo© Reuters/J. Roberts

O texto ainda aborda os protestos e bloqueios que vêm sendo organizados pelos bolsonaristas no Brasil para tentar contestar a vitória de Lula. O jornal aponta que alguns dos conselheiros de Bolsonaro, incluindo Bannon, querem que o presidente conteste o resultado, “um esforço que provavelmente fracassaria, mas que encorajaria manifestantes”.

Nesta semana, o PL, a sigla de Bolsonaro, entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral do Brasil para invalidar os votos registrados por cerca de 280 mil urnas fabricadas antes de 2020. O pedido foi recusado pelo TSE, que ainda impôs uma multa de quase R$ 23 milhões ao partido por litigância de má-fé.

“O que está acontecendo no Brasil é um evento mundial”, disse Bannon ao Washington Post. “As pessoas estão dizendo que foram totalmente privadas de direitos. [O movimento] foi além dos Bolsonaros da mesma forma que nos EUA foi além de Trump”, completou Bannon.

Em outubro, Bannon, uma figura proeminente da ultradireita global, foi condenado a quatro meses de prisão por se recusar a cooperar com os parlamentares que investigavam o ataque ao Capitólio dos EUA em janeiro de 2021. Bannon é apontando como uma das figuras-chaves da invasão.

Miller, que também é CEO da rede social conservadora Gettr, disse ao jornal que avaliava que Bolsonaro não estava concorrendo contra Lula, mas contra o Supremo Tribunal Federal do Brasil.