Quanto custa para ser dono de uma loja dos Correios? Saiba como comprar franquia e se vale a pena

Você sabia que é possível comprar uma loja dos Correios? O modelo de franquia foi adotado pela empresa na década de 1990. Os Correios trabalham com dois tipos de unidade franqueada, chamados de modelo I e II. O que muda basicamente é o tamanho exigido para cada modelo de ponto físico – 140 ou 200 metros quadrados. A estatal atualmente prefere que os locais sejam chamados de lojas, e não mais de agências.

Para ambos os tamanhos, os prazos de retorno e de contrato e os royalties têm as mesmas condições:
  • Prazo de retorno: até 10 anos
  • Prazo de contrato: até 10 anos, podendo ser prorrogado por igual período
  • Royalties/mês: 10% sobre o faturamento

Para investimento inicial, faturamento e lucro médio estimados, porém, os valores já mudam um pouco, com expectativas de desempenhos diferentes. Confira, a seguir, as quantias para os tipos I e II.

  • Investimento inicial total estimado: R$ 361 mil e R$ 489 mil
  • Faturamento médio mensal estimado: R$ 55,8 mil e R$ 83,3 mil
  • Lucro médio mensal estimado: R$ 10,8 mil e R$ 17,1 mil

Tudo isso também pode variar de acordo com as características de mercado de cada região, como preços de locação ou aquisição de imóveis – que é um dos tópicos que mais costumam encarecer pontos de lojas físicas -, além de eventuais necessidades de obras de adaptação, mobiliários e até mesmo outras possíveis mudanças de planejamento para que a operação consiga ser colocada efetivamente em prática.

É possível comprar uma loja dos Correios desde a década de 1990, quando o modelo de franquias foi adotado pela estatal Foto: Helvio Romero/Estadão© Fornecido por Estadão

Atualmente, a estatal possui pouco mais de 10,6 mil unidades de atendimento em todo o País, sendo que 958 são propriedades de franqueados.

Quais as obrigações do franqueado?

Os Correios destacaram, a pedido do Estadão, os principais pontos que a estatal espera de um franqueado. São os seguintes:

    • Manter, durante toda a execução do contrato, as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação;
  • Comprovar regularidade econômica, contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária, na forma e no prazo indicados pelos Correios;
  • Comercializar todo o portfólio de produtos e serviços obrigatórios definidos pelos Correios, bem como aqueles que venham a ser acrescentados no decorrer da vigência contratual.

Vale a pena ter uma franquia dos Correios?

De acordo com a própria estatal, existem quatro vantagens principais para se ter uma loja franqueada:

  • negócio rentável;
  • modelo consolidado;
  • alta demanda proveniente do e-commerce;
  • e alto índice de satisfação pela rede de franqueados.

Segundo o vice-presidente de consultoria do Grupo 300 Ecossistema de Alto Impacto, Lucien Newton, vale a pena, especialmente por conta da margem de lucro estimada. “São 20% aproximadamente por mês, isso é compatível com o mercado de franquias”, diz.

Porém, existem algumas peculiaridades em que o franqueado deve ficar de olho quando o assunto é franquia dos Correios.

O primeiro ponto é que o processo para se tornar efetivamente dono de uma loja da estatal não é como o de outras empresas da iniciativa privada. Enquanto em um negócio comum o empresário pode comprar a qualquer momento, no caso dos Correios, como é uma entidade pública e federal, é necessário aguardar que um processo de licitação seja aberto.

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De acordo com Newton, existe uma característica das franquias dos Correios com um lado bom e um ruim.

“Tudo é muito formatado e já existe um know how consolidado, o que traz uma certa segurança de que, não só o negócio não vai quebrar, como vai conseguir se manter minimamente bem. Porém, não tem muita possibilidade de sair dos números que já estão estimados. Isso acontece porque a operação é aquilo, não há tanto espaço para diversificação”, explica.

O que acaba fazendo com que este tipo de franquia, complementa Newton, seja muito atrativa para empreendedores com perfil um pouco mais conservador. “É um modelo para um empreendedor que não tem tanta ambição, tanta fome e vontade de ganhar muito dinheiro”, complementa.

Além disso, existe um outro ponto de atenção: payback, ou prazo de retorno. De acordo com as informações enviadas pelos Correios, o retorno do investimento acontece em um período de até 10 anos – o que pode ser considerado alto no ramo de franchising.

E, no caso de uma loja da estatal, o ponto físico é muito importante e tem grande peso no desempenho do franqueado, ressalta Lucien.

“É preciso ter um estudo de mercado, com base no fluxo de população, para justificar a operação naquele local.”

Um bom ponto, com fluxo maior de pessoas, pode reduzir o prazo de retorno.

Risco político

Por mais baixo que possa ser, de acordo com o especialista da 300 Consultoria, o risco de ingerência política na atuação dos Correios deve ser considerado na hora de se adquirir uma loja da marca.

Ainda mais em um payback que pode chegar a 10 anos, o que pode significar troca de gestão e mudanças de diretrizes, a partir da visão política de determinado presidente da República.

“No passado, pesou muito, porque entravam diretrizes que oneravam a operação. Eventualmente, inclusive, o prazo de retorno se alongava e as margens eram reduzidas. Mas isso, a princípio, ficou para trás. O modelo está muito mais consolidado agora. Só que é algo a ser considerado.”

Outros modelos de parceria

Existem também outros tipos de negócio que os Correios chamam de parceria:

  1. Correios modular: Uma loja de outro ramo já existente compartilha a estrutura física e de pessoal que já tem para seu funcionamento normal. Com isso, faz vendas de serviços da estatal, como captação de cartas, Sedex, entre outros. A vigência de contrato é de 5 anos, podendo ser prorrogada por até 20 anos. O investimento parte de R$ 580 e pode chegar a R$ 17 mil, a depender do modelo selecionado. A loja pode se habilitar ao processo também por meio de licitação.
  2. Pontos de coleta: São lojas de outros ramos que se habilitam para coletas e retiradas de encomendas com destino dentro do Brasil. Nesse caso, tudo é feito por meio de credenciamento. A vigência de contrato é de, no máximo, 60 meses. O investimento gira em torno de R$ 2 mil.